sábado, 2 de janeiro de 2016

Como se apaixonar.

Vamos começar o ano com resenha nova?!



Christine vive de acordo com o que lê em seus livros de auto-ajuda e foi testemunha ocular de um suicídio. Mas ela tentou salvar Simon, tentou convencê-lo a não fazer aquilo, ela só não conseguiu.
Depois da experiência traumática, ela terminou seu casamento com Barry e passou a ser infernizada pelo ex-marido, mas não imaginou que iria presenciar outra tentativa de suicídio. Só que foi o que aconteceu.
Adam estava determinado a pular daquela ponte, mas Christine conseguiu impedir que ele fizesse isso e os dois fizeram um acordo.
Até o aniversário de Adam, Christine tem que lhe mostrar que existem razões para viver e que vale a pena, mesmo com suas complicações. Se ela não conseguir ele irá tirar a própria vida no dia do aniversário.
Os dois então se veem em uma busca desenfreada pelo sentido da vida...


[...] tenho uma teoria sobre o amor. Acho que não importa quão bons sejam, alguns amores não estão destinados a durar para sempre. (Pág 107).

Meu amor pela Cecelia Ahern não é segredo, então é claro que, assim que coloquei minhas mãos em um exemplar de "Como se apaixonar", passei ele na frente de todos os outros na fila de leitura e me joguei, com muita vontade, em mais uma história emocionante e envolvente. Minha leitura foi cheia de altos e baixos e passei semanas sem conseguir tempo para dar continuidade à leitura, mas assim que as coisas se acalmaram, grudei novamente e só o soltei quando cheguei ao último ponto final. Foi uma leitura tumultuada por conta da minha vida atualmente conturbada, mas foi tão bela que fiquei anestesiada ao virar a última página. Cecelia é uma das minhas autoras favoritas e novamente fez por merecer este título.


Eu fizera um pacto com um homem que tentou se matar e, depois, segui-o para seu quarto de hotel, então por que não me embebedar com ele também? Se havia algum tipo de livro de regras sobre integridade moral e cidadania responsável, eu basicamente tinha pisoteado nele todo, então por que não terminar o trabalho e jogá-lo pela janela? (Pág 51).


Com sua típica escrita suave, despretensiosa, doce e ao mesmo tempo cruel e verdadeira, Cecelia nos apresenta a história de Christine e Adam, que antes de ser uma história de amor (como sugere o título do livro) é uma narrativa sobre viver e não apenas existir. Sobre aproveitar momentos, coisas e acontecimentos bobos e corriqueiros. Ver a beleza nos detalhes e não se esforçar tanto o tempo inteiro. Os protagonistas são complicados e cheios de problemas, porém tudo se concentra neste detalhe: eles existem. Adam e Christine não vivem, apenas andam por aí fazendo coisas que acham que devem fazer, falando o que acham que tem que falar e indo para onde acreditam que devem ir. Até que não dá mais pra continuar nesta apatia. Christine se separa do marido e Adam decide se matar. Decisões drásticas, principalmente no caso de Adam, mas que mostram quão fundo eles chegaram, até que ponto eles se perderam de si mesmos.


Tinha tentado fazer a coisa certa e havia dado horrivelmente errado. Nosso almoço no restaurante o havia deixado com dor de barriga, a caminhada no parque o tinha levado a ser preso em uma cela de polícia, o passeio sem destino de carro tinha levado a uma perseguição e minha missão de dizer a verdade ao pai dele o fizera levar um soco no rosto. (Pág 173).


Em seus caminhos conturbados, ambos passam por muitos problemas e, sempre quando parece que alguma coisa está começando a dar certo, algo aparece para fazer dar errado. Assim como nas nossas vidas, onde sempre existe aquela época em que o universo parece conspirar contra nossa felicidade. Christine, decidida a salvar Adam de si mesmo, tenta usar até esses péssimos acontecimentos de forma a não parecer tão ruim quanto na verdade é. Sempre tendo a ajuda de algum dos seus livros de "Como...", ela busca motivos para manter Adam vivo e mostrar para ele que a vida vale a pena. Neste caminho, quem começa a aprender e ver as coisas com outros olhos, é ela mesma. Ao tentar ajudá-lo, ela acaba se ajudando também. Ao buscar salvá-lo ela começa a se salvar. Esses dois, antes tão perdidos e fora dos eixos de suas próprias vidas, começam a se encontrar e a assumir as responsabilidades de suas ações, aprendendo a lidar com as inevitáveis consequências.


Não tinha nenhum homem secreto esperando por mim, isso era óbvio, mas eu tinha abandonado Barry, terminado nosso relacionamento por nenhum motivo real... Bem, nenhum motivo que as outras pessoas pudessem ver. Era quase como se a minha infelicidade não fosse o suficiente. Se ele não me traiu, não me bateu e não foi cruel comigo, ninguém parecia conseguir entender que eu não amá-lo e estar infeliz eram motivos suficientes. (Pág 159).


Essa belíssima história de superação e reencontro é narrada em capítulos curtos sempre com títulos característicos tanto da história, quanto dos personagens e do título do livro. Seus capítulos são sempre chamados de "Como..." por exemplo, "Como deixar absolutamente tudo bem de novo" ou "Como se levantar e sacudir a poeira". Um detalhe simples, mas que dá um charme ainda maior para a obra como um todo, fazendo com que o conjunto inteiro colabore para a beleza da história que está sendo contada naquelas páginas. Sem erros de digitação, com diagramação simples e história surpreendente, Como se apaixonar é mais um daqueles livros que, depois de lido, te deixa com um sorriso no rosto e uma enorme vontade de sair por aí aplicando tudo aquilo que você aprendeu com os personagens e simplesmente aproveitar a vida.


Queria um aceno de cabeça encorajador, queria ouvir que me compreendiam, que estava tudo bem, que não era minha culpa, que eu conseguiria resolver tudo. Eu precisava que me dessem ferramentas, onde estavam minhas ferramentas? Precisava de um bom livro que consertaria tudo: Como deixar absolutamente tudo bem de novo, um guia simples passo a passo para remendar corações, limpar consciências e fazer todo mundo esquecer. (Pág 246).


Sobre a autora:

Cecelia Ahern é filha do atual Taoiseach irlandês, Bertie Ahern. É formada em jornalismo e multimídia pelo Griffith College Dublin. Sua irmã mais velha, Georgina Ahern, é casada com Nicky Byrne, da banda pop irlandesa Westlife.
Em 2000, Cecelia fazia parte do grupo pop Shimma, que terminou em terceiro lugar na final irlandesa do Festival Eurovisão da Canção.
Aos vinte e um anos, seu primeiro romance, PS. Eu Te Amo, tornou-se o bestseller mais vendido na Irlanda (por 19 semanas), Reino Unido, EUA, Alemanha e Holanda. O livro foi adaptado para o cinema, numa produção dirigida por [[Richard LaGravenese]. Seu segundo livro, Onde Terminam os Arco-íris foi o vencedor do CORINE Award alemão. Cecília tem também contribuído escrevendo contos em livros editados por organizações beneficentes sem fins lucrativos.


Outras obras dela:


Outras informações:
Compare o preço: Buscapé.
Título: Como se apaixonar.
Autora: Cecelia Ahern.
Editora: Novo Conceito.
História: 5/5.
Narrativa: 5/5.