Simplesmente acontece.

Hoje eu trouxe pra vocês a resenha do meu livro favorito da Maratona Literária de Inverno 2015!

Rosie e Alex são melhores amigos desde sempre.
Estudaram juntos, foram para a diretoria juntos, cabularam aula juntos, brincaram e brigaram entre si diversas vezes enquanto cresciam. Todo mundo acreditava que eles tinham sido feitos um para o outro, exceto eles.
Os dois acabaram por se separar durante a adolescência, quando a família de Alex se mudou da Irlanda para os Estados Unidos.
Quem imagina que este foi o final da história deles está enganado. Mesmo com a distância os dois continuaram a manter contato e através de emails, cartas e bilhetes.
Eles cresceram juntos mesmo que separados e aprenderam a viver longe querendo estar perto. Mas nada é simples assim, então a relação deles pode vir a mudar com o tempo...

Não quero ser uma dessas pessoas de quem as pessoas se esquecem com facilidade, que era tão importante naquela época, tão especial, tão influente e tão querida e, mesmo assim, anos depois se torna apenas mais um rostinho vago e uma lembrança distante. Quero que sejamos amigos para sempre, Alex. (Pág 25).

Antes de iniciar essa leitura eu tinha uma curiosidade muito grande com relação ao título do livro. "Simplesmente acontece"... O quê? É tão vago, tão aberto a possibilidades... O mais lógico, para mim, foi completar com "amor". Achei muito prático (e quase clichê, mas tudo bem) acreditar que simplesmente acontecia o amor. A capa dá esta impressão e a sinopse também. Mas hoje venho, sorriso no rosto e coração aquecido, dizer que descobri o que acontece e apesar dele estar presente sim, não é o amor. Simplesmente acontece... A vida. Em suas dores, sabores, alegrias, complicações, surpresas e perdas. Para mim, para você, para o vizinho, o moço do jornal, para Alex, para Rosie... Para todos, sem exceção.

Sabe, vocês dois têm a pior sincronia do mundo! Quando é que vão aprender a caminhar no mesmo passo? (Pág 129).

Algumas vezes acontece de forma mais branda, outras mais intensas, mas a questão é que ela simplesmente acontece e você tem que lidar com isso; se adequar às situações em que ela te coloca. Alex e Rosie fazem isso, são duas pessoas totalmente resilientes e fortes. O destino não foi legal com eles, colocou milhares de pedras em seus caminhos e fez com que andassem por estradas diferentes e desconhecidas. Ambos choraram, saíram machucados, feridos e cheios de dores e marcas de guerra. Mas souberam jogar com as cartas que a vida dava. Aquele clássico "dançar conforme a música", sabe? O grande trunfo do livro é esse. A autora, mais uma vez, conseguiu construir personagens perfeitos em suas imperfeições. E é obvio que no caminho ela triturou meu coração.

Por duas vezes ficamos lado a lado no altar, Rosie, Duas vezes. E, nessas duas vezes, fizemos a coisa errada. (Pág 143).

O livro começa com Rosie e Alex ainda crianças e vai acompanhando toda a vida deles. Por cartas. Somente cartas, bilhetes, recados, e-mails, mensagens, cartões postais etc. Não existe uma narrativa corrida, você não acompanha as situações enquanto se desenvolvem, só fica sabendo delas depois, quando um ou outro decide escrever sobre. Em determinado momento aparecem outras crianças na história e elas também participam escrevendo cartas e essas são as mais lindas, engraçadas e sinceras de todas. Os recadinhos deles deixam transparecer tudo aquilo que muitas vezes os adultos estão escondendo. Amei ver como eles "causavam" na vida dos outros por causa de suas cartas sinceras ao extremo.

Como diabos eu vou conseguir dar um jeito na minha vida se todas as pessoas ao meu redor insistem em me prejudicar? (Pág 236).

Ao escolher contar uma história inteira assim é preciso ter muito cuidado, afinal pode ficar cheia de furos e pontas soltas, além da clássica vontade do leitor de saber mais sobre tudo. Já sofri com livros mal desenvolvidos dessa forma. Isso não se repetiu aqui. Cecelia conseguiu me prender desde o primeiro momento e  não tive nenhum problema quanto a falta de informação. Achei até que foi uma ideia maravilhosa não entregar tudo "de bandeja" para o leitor. Queria apenas que a editora tivesse incluído alguma informação dividindo os bilhetes. Algumas vezes não tinha separação alguma e eu pensava que era um só e na verdade eram dois, então depois eu tinha que reler para entender. Isso, até onde sei, não é culpa da autora, então posso dizer aqui (mais uma vez) que Cecelia foi estupidamente brilhante em mais um livro, destruiu meu coração diversas e diversas vezes e me deixou ansiando por mais livros assinados por ela.

Quando comecei a ir para a escola, eu achava que as pessoas do sexto ano eram bem mais velhas e cultas, mesmo que não tivessem mais que 12 anos. Quando completei 12 anos, comecei a pensar que as pessoas que haviam terminado a escola, com 18 anos, deviam saber tudo. Quando cheguei aos 18, pensei que quando terminasse a faculdade eu de fato estaria amadurecida. Aos 25 eu ainda não havia conseguido entrar na faculdade, ainda não sabia de nada sobre a vida e tinha uma filha de 7 anos. Estava convencida de que quando chegasse aos 30 eu teria pelo menos alguma ideia do que estava acontecendo.

Não. Isso não aconteceu ainda. (Pág 239).

Sobre a autora:

Cecelia Ahern é filha do atual Taoiseach irlandês, Bertie Ahern. É formada em jornalismo e multimídia pelo Griffith College Dublin. Sua irmã mais velha, Georgina Ahern, é casada com Nicky Byrne, da banda pop irlandesa Westlife.

Em 2000, Cecelia fazia parte do grupo pop Shimma, que terminou em terceiro lugar na final irlandesa do Festival Eurovisão da Canção.

Aos vinte e um anos, seu primeiro romance, PS. Eu Te Amo, tornou-se o bestseller mais vendido na Irlanda (por 19 semanas), Reino Unido, EUA, Alemanha e Holanda. O livro foi adaptado para o cinema, numa produção dirigida por [[Richard LaGravenese]. Seu segundo livro, Onde Terminam os Arco-íris foi o vencedor do CORINE Award alemão. Cecília tem também contribuído escrevendo contos em livros editados por organizações beneficentes sem fins lucrativos.

Outras obras dela:

A vez da minha vida.

O livro do amanhã.

O presente.

A lista.

Outras informações:
Compare o preço: Buscapé.
Título: Simplesmente acontece.
Autora: Cecelia Ahern.
Editora: Novo Conceito.
História: 5/5.
Narrativa: 5/5.