terça-feira, 15 de setembro de 2015

Eu, o desaparecido e a morta.

Não sei se vocês lembram, mas no começo do ano eu fiz dois desafios pessoais de leitura.
E não estou conseguindo me manter em ordem com nenhum deles. Não sei exatamente quantos livros eu li (que estavam nesses desafios), mas sei que estou hiper atrasada e já quase aceitando a derrota.
Mas eis aqui a resenha de um dos livros do Desafio do Skoob. Ele, na verdade, deveria ser lido e resenhado em Novembro, mas como já está tudo mais do que atrasado e errado, decidi adiantar a leitura por motivos de "eu quero ler ele agora" e já saiu a resenha, então vamos lá!



Lucas tem 17 anos, uma rebelde irmã mais velha, um doce irmão mais novo e uma mãe batalhadora e deixada para trás, assim como o resto da família.
A história deles é marcada pelo desaparecimento da figura paterna. Pete, de quem Lucas tem poucas lembranças e muita saudade, deixou a família. Simplesmente saiu e não voltou mais, quando a mulher estava grávida do filho mais novo (por isso o menino sequer conheceu o pai).
Todos tentaram seguir em frente, mas isso os influencia em suas ações e percepção de mundo. Talvez seja por isso, por não gostar de sentir-se abandonado, que Lucas tenha se apegado tanto à morta, que descobriu se chamar Violet.
Ele a encontrou em uma agência de taxi e não achou certo uma senhora idosa morta ficar abandonada em uma prateleira de algum lugar qualquer. Então ele fez uma coisa louca que começou a revolucionar sua vida: deu um jeito de pegar a urna com as cinzas daquela mulher.
Ele não sabia, mas aquele era só o primeiro passo para que ele adentrasse ainda mais no mistério do desaparecimento de seu pai...
Encontrei a Violet depois de sua morte, mas isso não me impediu de conhecê-la. E o que estou tentando provar é que não sou tão louco quanto devo aparentar. (Pág 26).

Desde sempre, o que me intrigava neste livro era o título. Eu o achava divertido e misterioso. Suspeitava que se tratasse de um livro sobrenatural. Não podia estar mais errada. Apesar da autora forçar um pouquinho aqui e um pouquinho ali (com aquelas incríveis coincidências que me deixam doida da vida), o sobrenatural passa longe da história de Lucas. Muito pelo contrário, o que predomina aqui é a realidade dura e cruel de uma família, mais especificamente de um filho, que tem que se habituar a viver sem a figura paterna, que simplesmente desapareceu. Sem explicações, pistas ou indícios do motivo desta partida ou do seu destino.

É o "não saber" que é difícil. (Pág 10).

Lucas aparentemente foi o mais afetado pelo desaparecimento. Custa a acreditar que o pai simplesmente o deixou e nutre esperanças de que existe alguma explicação, um acidente ou coisa assim. Ele não vive procurando o pai pelas ruas, porém se recusa a deixar que o pai seja apagado/esquecido da família. É um drama gritante e o que mais o incomoda é não saber. Não saber se o pai está vivo, morto, doente... Ele gostaria de saber porquê, como, quando ou onde. E é basicamente esse o dilema central, o que impulsiona a história e vai, aos poucos, ligando os personagens, até mesmo a morta.

A verdade sobre a minha família é que estamos tão ocupados nos sentido tristes e deprimidos o tempo todo sobre coisas impossíveis que ficar triste e deprimido começou a se tornar normal e confortador, de uma forma estranha. (Pág 105).

Uma das coisas que mais agradou foi sua realidade com os sentimentos do protagonista e com a vida como um todo. Com o protagonista porque Lucas não é um daqueles mocinhos sonsos que apenas choram por terem sido abandonados ou que habilmente dizem ignorar o fato. Ele carrega as marcas e consequências disso, portanto se mostra instável, irritadiço, complicado, emotivo e perdido. Sentimentos reais descritos e trabalhados da melhor forma. E com a vida porque não teve um final de contos de fadas e sim de vida real. Com isso eu não quero dizer que foi algo trágico, apenas que retrata a vida de muita gente.

Não consigo acreditar como as pessoas levam a vida em círculos e, antes de tudo, repetem os mesmos erros que os fuderam. Acho que algumas pessoas deveriam ser mais espertas que isso. (Pág 153).

A narrativa é simples e típica das histórias jovens: divertida e rápida. Não demora para te envolver e te deixar interessada em saber como vai acabar. E por mais que isso seja incomum, não foi fácil adivinhar o desfecho dessa história. A "morta" é um diferencial importante, pois foi a partir dela que Lucas começou a desvendar o mistério do desaparecimento do pai, porém uma pessoa morta pouco ajuda a te dar respostas (na verdade acaba criando ainda mais perguntas). Não posso dizer que neste trajeto ele sofreu horrores ou que foi uma tarefa muito árdua, mas reconheço que foi um processo de crescimento e autodescoberta muito grande e ótimo de acompanhar.

Todos nós juntos na mesma sala: eu, o desaparecido e a morta. (Pág 140)
Sobre a autora:


Jenny Valentine trabalhou em uma loja de alimentos orgânicos em Londres por quinze anos, onde teve oportunidade de conhecer muita gente interessante e, entre as vendas de um pão integral aqui e um tofu ali, encontrou tempo para escrever romances. Ela vive hoje em Hay on Wye, na Inglaterra, com seu marido, compositor e letrista, e dois filhos.

Outras informações:
Compare o preço: Buscapé.
Editora: ID.
História: 4/5.
Narrativa: 4/5.