sábado, 19 de setembro de 2015

A garota das cicatrizes de fogo.

Mais uma resenha de um dos livros da minha TBR Jar: 15 livros para 2015.
Meio que já aceitei que não vou conseguir ler todos os livros, mas enquanto der vontade de ler algum desses que estão na lista é claro que vou ler!


Lisa Gomez era apenas uma criança quando sua vida mudou completamente. Ela brincava no quintal quando um carro parou e o motorista pediu uma informação. Antes mesmo que ela pudesse lhe responder ele a encharcou com gasolina e colocou fogo em seu corpo.
Johnny Falco chegava mais cedo do serviço quando, ao entrar em casa, foi surpreendido pelo corpo estranhamente ressecado e sem vida da esposa e pelo desaparecimento da filha Débora, ainda uma criança.
Anos se passaram, tanto para Lisa quanto para Johnny e nenhum dos dois conseguia desapegar do passado e não entendiam o que havia acontecido. Até que, em busca de uma pista sobre o paradeiro da filha, Johnny chega à cidade de Valparaíso e seus passos se encontram com os de Lisa.
Juntos, eles encontram também Alex, um rapaz que não sabe nada sobre seu passado, e Débora, ex-melhor amiga de Lisa.
Johnny, Lisa, Alex e Débora estão ligados de uma forma complicada e somente juntos vão conseguir entender o que lhes aconteceu e encontrar Diana...
A verdade é que todos nós temos segredos íntimos, e sempre ficamos arredios à possibilidade de termos sido descobertos. (Pág 111).


Sabe quando você começa um livro sem ter a mínima idéia de seu enredo? Isso acontece quando o compramos por impulso ou ganhamos, talvez. Aconteceu isso comigo e A garota das cicatrizes de fogo. Comprei por impulso, somente por ser do Ricardo Ragazzo (para quem não sabe, ele é autor de 72 horas para morrer, um livro muito bom que só me decepcionou um pouco com o final). Eu vi que era dele, eu queria, eu comprei, levei para ele autografar (porque sou tiete sim) e, depois de muito tempo com ele parado na estante, eu o li e agora estou dando gargalhadas aqui, porque a história é muito, muito louca. E o mais legal é que tanta insanidade me agradou muito. Fiquei grudada no livro, desesperada para entender tudo o que estava acontecendo.
Para alguns, tempo significava dinheiro. Para mim, significava outra morte; o que o tornava muito mais valioso. (Pág 99).

São vários personagens não necessariamente principais porém muito importantes (Liza, Alex, Débora, Johnny, Diana) e cada um tem sua particularidade, sua história de vida. A medida que fui lendo, percebi que estava ficando difícil imaginar um final feliz para todos então tive que decidir qual deles seria a minha prioridade, aquele pelo qual eu ia torcer mais. Não foi uma escolha difícil. Liza e Alex são bons personagens, mas existe um caso complicado de romance quase doentio entre eles. Isso não necessariamente me cansou, mas fez com que eu enxergasse Johnny como o personagem mais legítimo da história (afinal seu grande objetivo era encontrar sua filha desaparecida e desvendar o mistério da morte de sua esposa), portanto era pelo seu final feliz que eu estava esperando.

Um troglodita de quase dois metros de altura usando xampu feminino e brincando com um bichinho de borracha.
Quem entrasse ali chamaria aquela cena, no mínimo, de bizarra. Eu chamava de outra coisa: reunião de família. (Pág 39).

A história é contada por Johnny e Liza em capítulos intercalados. Existem alguns trechos de lembranças, sonhos e algumas "viagens" feitas por eles que também são super bem descritas. O mais legal, porém, é que algumas vezes o autor usa os dois personagens para narrar a mesma cena e isso mostra como cada um vê as coisas de forma diferente. Por exemplo, se enquanto Johnny está narrando ele decide dar um tiro em alguém, quando for a vez de Liza narrar, ela fala sobre estar fazendo algo e escutar um tiro. Inicialmente pode parecer que isso não deixa a história se desenrolar, mas é exatamente o contrário. Faz com que as coisas andem e você possa entender tudo. Mostra como os personagens estão interligados e suas atitudes refletem na vida do outro.

Infelizmente, pessoas e seus cérebros nem sempre trabalham em harmonia. (Pág 125).

Confesso que fiquei com certo receio do final, pois o livro anterior do autor também me deixou vidrada durante todo o desenrolar e depois teve um final nada a ver, mas desta vez... Ricardo acertou em cheio! Apesar de não dar pistas sobre a resolução e deixar todas as respostas para o último momento, ele apresentou um desfecho digno, inteligente, sagaz, honesto e tão maluco quanto a história havia sido até ali. Sempre admirei o Ricardo e de agora em diante quero acompanhar ainda mais sua carreira e acho que vocês deviam fazer o mesmo. Mistério, suspense, sobrenatural, policial, drama, comédia... Ele consegue fazer uso de tudo isso em uma narrativa crítica e rápida enquanto te conta uma história pra lá de inteligente.

Justo quando a gente pensa que nada pode piorar, alguém decide transformar o fundo do poço em uma fossa. (Pág 75).

Outras obras dele:

72 horas para morrer.

Sobre o autor:


O Paulistano Ricardo Ragazzo é bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e descobriu seu talento de escritor com a ajuda do universo dos RPG's. É autor dos livros "Cidade Banida" (Romance distópico pela Planeta de Livros) e "72 horas para morrer" e "A Garota das Cicatrizes de Fogo" (pela Novo Século editora). Ele mora com a mulher, os filhos e seu beagle em São Paulo.


Outras informações:
Compare o preço: Buscapé.
Título: A garota das cicatrizes de fogo.
Autor: Ricardo Ragazzo.
Editora: Novo Século.
História: 4/5.
Narrativa: 4/5.