sexta-feira, 18 de abril de 2014

Colin Fischer.

Demorei bem mais do que imaginava, mas acabei voltando com resenha nova!


Colin Fischer tem 14 anos, nenhum amigo, muito conhecimento sobre assuntos incomuns, pouquíssimo tato social e é quase ineficiente em descobrir/reconhecer emoções alheias. Ah, e ele tem Síndrome de Asperger.
Suas limitações e diferenças fazem com que seja uma pessoa pouco respeitada e entendida pelos outros, mas Colin não se deixa abalar por nada disso. Junto com seus pais compreensivos e seu irmão mais novo não muito amistoso, Colin vive surpreendendo todos.
E é por isso que, quando acontece o incidente envolvendo o refeitório da escola, um revolver e um bolo de aniversário, Colin rapidamente começa a usar sua alta capacidade de dedução, sua memória incrível e todos os outros recursos que, aparentemente, só ele tem e decide provar que estão colocando a culpa na pessoa errada.
Mas será que Colin vai conseguir ir contra a polícia e a direção da escola? E ele também é capaz de errar, não é?


Já quero adiantar aqui que está será uma resenha complicada de se entender, justamente porque avaliar este livro está sendo bem difícil para mim. Vejam bem, o livro é ótimo em se tratando de cumprir com o que promete: contar a vida de um adolescente com Síndrome de Asperger de maneira simples e agradável. Mas não conseguiu me convencer com a história, que me pareceu sem sal, sem nexo, sem graça e sem final.

Ok, basicamente não encontrei a história do livro. Sim, ele possui desenvolvimento, mas ainda falta muito para me envolver, me instigar ou me acolher. O tempo todo, senti que estava lendo, lendo e lendo, mas não chegava em lugar algum, muito menos encontrava justificativas para as atitudes dos colegas de escola de Colin, que me pareceram um monte de ignorantes sem-propósito. Sem contar o final, que ainda não entendi nem como nem porquê aconteceu, se é que aquele é mesmo um desfecho.

Mas, falando assim, parece que foi uma leitura sem graça e desagradável, não é? Aí é que está o detalhe importante: não foi. Acredito que esta história, se fosse protagonizada por qualquer um que não o Colin, teria sido um tédio sem fim, mas Fischer é um protagonista tão puro, simples, amigo, sincero e apaixonante que ganha o coração do leitor mesmo que a história que ele protagonize for sem pé nem cabeça. Ele só vai te mostrando como vê a vida acontecendo e como a vive e você, inevitavelmente, vai adentrando em um mundo novo onde o estranho para nós é totalmente compreensível e lógico.

E este é o motivo pelo qual eu gostei do livro. Gostei de ver Colin interagindo na escola, gostei de ver a dinâmica familiar (os pais compreensivos, mas ao mesmo tempo apreensivos sobre como lidar com o filho; a reação do irmão mais novo de Colin, que não aceita o tratamento especial e entende que é uma maneira de mimar o garoto) e da dificuldade encontrada na direção da escola para encontrar uma forma de incluir Colin em todas as atividades. Na verdade, gostei de conhecer o mundo pelos olhos de um portador da Síndrome de Asperger (leia mais sobre o assunto aqui) e acredito que isso foi enriquecedor para minha vida, mas isso não exclui o que disse sobre a falta de história e de final, portanto recomendo a leitura por seu valor para a forma de ver a vida (e também as pessoas com necessidades especiais) e não por sua história, que é excessivamente fraca. 
Um princípio norteava a formação de cada pilha no quarto, mesmo que entendido apenas pelo próprio Colin. Por exemplo, o magnétron de um forno velho repousava em cima de um livro sobre marsupiais e várias edições do The New England Journal of Medicine, uma proeza organizacional que desafiava até mesmo os esforços de seus pais para adivinhar uma conexão. (Pág 14).

Título: Colin Fischer.
Editora: Novo Conceito.
História: 2/5.
Narrativa: 5/5.