quinta-feira, 27 de março de 2014

Footloose.

Voltei. *todo mundo bate palma* Estava sumida por causa da ressaca (coisinha chata!), mas aos poucos ela parece estar passando, então aos poucos eu vou voltando também! Prova disso é que hoje tem resenha nova...

Para Ren McCormack, a música e dança são tudo. Ele se expressa com os movimentos e se acalma com o ritmo. Para ele, uma vida sem música não é vida.
Por isso quando sua mãe falece e ele se vê forçado a ir morar com a família do tio em Bomont, uma cidadezinha minúscula no interior onde o estilo de vida é totalmente diferente de Boston e Igreja e Estado parecem se misturar com uma facilidade muito grande, Ren se sente deslocado e perdido ao descobrir que não é permitido dançar em público. Nem escutar música alta.
Indignado, Ren decide tentar lutar contra essas leis malucas e devolver a liberdade aos jovens da cidade. No caminho ele conhece Ariel, a rebelde filha do Reverendo, o homem responsável por criar as tais leis e por manter a comunidade acreditando que não existe outra opção ou caminho correto.
A "guerra" está declarada, só resta saber se Ren está disposto a se manter em batalha sabendo que se perder, não estará perdendo somente a liberdade de dançar e escutar música. O que está em jogo é ainda maior, afinal sua vida já teve mais perdas do que ele poderia imaginar e já não sabe se pode suportar mais alguma...



Vocês sabem que eu amo filmes de dança? Acho que ainda não tinha falado sobre isso por aqui, mas eu amo. Sou apaixonada pelas coreografias, pelo envolvimento dos personagens, pelo enredo sempre conflitante, pelo figurino... Tudo! E desde que o remake de Footloose foi lançado, meus olhos brilhavam só de pensar em assistir, mas como a bookaholic maluca que sou, só quis fazer isso depois de já ter lido o livro, então devorei as 250 páginas deste romance repleto de danças com uma ferocidade meio anormal dado meu histórico recente de leituras. E por fim, preciso dizer que gostei do livro e de alguns temas que foram abordados nele (não só a dança), mas esperava um pouco mais dele em alguns sentidos.

Meu primeiro problema foi com algumas cenas de danças. Não foi a falta de descrição ou o exagero dela e sim sua falta de contexto. As coisas não pareciam estar interligadas, sabe? As cenas pareciam ser isoladas, sem ter envolvimento algum com o que aconteceu antes ou depois daquilo. Além disso, em determinado momento as coisas ficaram forçadas. Para ter mais uma coreografia inserida na história foi criada uma cena aleatória e sem graça que não acrescentou nada ao livro como um todo. E meu problema maior: o final. Já assisti o filme (claro!) e posso dizer que nas telonas o final foi incrível, mas nas páginas ele não existiu. Acredito que faltou um capítulo inteiro para que todas as perguntas fossem respondidas e todas as pontas amarradas. Terminei a leitura com um enorme ponto de interrogação no rosto e uma vontade incrível de perguntar para o autor o verdadeiro final da história, porque ainda não descobri.

Mas nem tudo foi forçado ou sem nexo. Os protagonistas, por exemplo, foram bem construídos e explorados. Ren me cativou por seu amadurecimento, bom senso e responsabilidade, enquanto Ariel me envolveu por ser seu oposto: basicamente uma delinquente. Os dois se envolvem de forma agradável, leve e gradual, os dois apresentando medos e traumas, ambos lidando com sentimentos de perda e aprendendo a seguir em frente. Adorei acompanhá-los, assim como amei a maneira como a manipulação da população foi tratada. Na história o Reverendo possui toda a cidade em suas mãos, dizendo o certo e o errado e se baseando na Bíblia, distorcendo as palavras e fazendo tudo ao seu bel prazer. Em Bomont a Igreja e o Estado são basicamente a mesma coisa e quem supostamente manda em tudo é Deus, sendo que na verdade não é, mas a população ali acredita. A alienação de todos é gritante e ver Ren buscando mudar isso foi inspirador, principalmente levando em conta os caminhos que ele escolheu percorrer para fazer isso. Ren é muito inteligente!

Viram como eu gostei do livro? Não o achei perfeito e também não acho que cumpriu com tudo o que prometia (afinal faltou o desfecho), mas em questão de envolver o leitor, fazê-lo sentir-se perdido como os protagonistas, cativar o sentimento de empatia, brilhar os olhos ao ler as cenas de dança (óbvio), questionar a manipulação presente não somente na história e as constantes lutas em busca de liberdade, em suas mais diversas formas, este livro é ótimo. Uma leitura rápida, sem grandes reviravoltas, personagens agradáveis e boa edição. Para quem gosta de livros leves, este é indicado, mas não esperem o livro mais perfeito do mundo, hein? Footloose é um daqueles que você lê, sorri, se envolve, termina e não sente grandes mudanças em sua vida por isso. Mas sempre tem hora que queremos um livro desses, não é?! :p
- Deixe-me lhe dizer algo sobre as leis. Elas existem para serem desafiadas. Nada é escrito em pedras. (Pág 158).

Título: Footloose.
Editora: Galera.
História: 3/5.
Narrativa: 5/5.