sábado, 22 de fevereiro de 2014

Prata, terra e lua cheia.

Gente, essa vida de trabalhadora é difícil, hein? Misericórdia, não tenho tempo para mais nada! Bom, de qualquer forma, terminei mais uma super leitura e vim aqui dizer um pouco sobre ela!

Anderson Coelho, com seus doze anos e sua fascinação por jogos on-line, descobriu que as lendas folclóricas brasileiras são mais do que apenas lendas. Ele sabe da existência das sereias, do saci, de caiporas e outros seres folclóricos que supostamente frequentavam apenas livros de histórias infantis.
E saber da verdade desses seres é algo perigoso, principalmente porque o multimilionário e desprezível Wagner Rios ainda está à solta por aí, planejando novas trapaças e tentando capturar novos seres para aumentar seu poder, que cada vez se espalha mais, chegando até mesmo na cidade de Rastelinho onde o pequeno Anderson mora.
E então Anderson vai para São Paulo novamente, desta vez para participar de um fórum que acontece em uma ilha flutuante, junto com várias outras organizações secretas conhecedoras das maravilhas folclóricas brasileiras.
Mas ao chegar por lá o garoto descobre que novamente se encontra em uma batalha (como em seu jogo on-line favorito) onde não existe a opção de pausar para tomar fôlego ou a chance de uma segunda vida. Ali as armas são reais e letais, seus amigos começam a enfrentar problemas, sua fidelidade começa a ser testada e escolhas difíceis começam a fazer parte de sua vida, fazendo com que a viagem deixe de ser apenas um passeio para se tornar a mais louca e perigosa aventura já enfrentada pelo pequeno Coelho...


Quem leu minha resenha do primeiro livro da série O legado folclórico (aqui), sabe que fui conquistada logo de cara, mas preciso dizer que este segundo livro é, de longe, melhor que o primeiro, e olhem que o primeiro foi um livro cinco estrelas e sem um único motivo para alguma reclamação, hein? Aqui estão presentes novos personagens, novos problemas, novas situações... Quase tudo novo, menos a narrativa deliciosa e o protagonista humano, divertido e cheio de atitude que já conheço de aventuras passadas.

Anderson agora já está mais acostumado com seres folclóricos aparecendo em sua vida a torto e a direito, mas sua reação a eles sempre é inusitada e me faz sorrir. Na verdade, passei o livro inteiro sorrindo (exceto em um momento perto do final, quando minha vontade era de gritar com o autor e dizer que ele não tinha coração e queria destruir o meu, mas deixa para lá). A maneira como o autor narra tudo é incrível e original (acho que já disse isso na outra resenha), fazendo comparações malucas e descrições inusitadas. Em determinado momento, para dizer que um dos capangas do real vilão da história estava se transformando em um lobisomem o autor usou as seguintes palavras “E cometeu a deselegância de começar a se transformar em um lobisomem”. Pode isso, gente? Tem coisa mais naturalmente cômica? Sei lá, acho que não. ;p

Outra coisa que me fez ficar encantada foi a humanidade de Anderson. Ok, eu já sabia que ele só tinha as “capacidades” de ser herói em seu joguinho on-line, mas também já sabia que ele conseguia se virar relativamente bem em suas aventuras da vida real, mas gostei de perceber que ele não se tornou um herói daqueles que faz tudo certo na hora certa e sabe fazer tudo o que precisa. Anderson faz besteiras, se sente indeciso, fica mal, se vê em situações onde não sabe como reagir, não ganha qualidades do nada e realmente se esforça para fazer as coisas. O autor não fez com que ele ganhasse qualidades tidas como comuns e indispensáveis em um protagonista de aventuras. Anderson não sabe fazer várias coisas, tem dificuldades com outras e vive fazendo coisas que pessoas sensatas não fariam.

Já perceberam que eu adorei (ainda mais) o protagonista? E a narrativa? E a história inteira? Ah, sim, porque foi o que aconteceu. Li as quase 300 páginas sem perceber e agora estou triste por ter terminado de ler o segundo e o autor não ter terminado de escrever o terceiro. Quero ele agora! Quero mais aventuras com Anderson, quero descobrir mais sobre o folclore brasileiro (até onde mesmo tudo aquilo que eu li é verdade, gente? Fica difícil saber!) e dar boas risadas com a narrativa simples, leve e engraçada que só o Felipe sabe ter. Claro que recomendo este livro para qualquer um e em qualquer momento!
Um humano pode ser mais cruel e monstruoso do que qualquer criatura que já andou sobre a face da Terra. Não por causa do mito de que todo homem é mau, e aquele velho papo de Natureza Humana, isso é besteira. Eu estou falando de quando alguém é maligno simplesmente porque descobre que pode. Que dessa maneira pode ter o seu desejo realizado com mais rapidez. (Pág 83).

Editora: Gutenberg.
História: 5/5.
Narrativa: 5/5/.