sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O presente.

Não sei quando poderei voltar por aqui, pois meu computador está no técnico, mas assim que for possível, eu retorno, ok? Por enquanto, mais uma resenha!

Lou Suffern sempre tem tanta coisa para fazer em tão pouco tempo que vive fazendo duas coisas ao mesmo tempo.
Enquanto faz anotações sobre uma reunião importante, sua mente trabalha em argumentos convincentes para fechar uma compra em outra reunião... Ao mesmo tempo em que está dizendo para Ruth, sua esposa, como foi o seu dia no serviço, ele está lendo as cartas que chegaram e pensando em qual será seu próximo desafio dentro da empresa.
Lou não para. Nunca. Nem mesmo para Ruth, para sua filha Lucy ou seu filh. Ou para seus pais, sua irmã ou seu irmão.
Então é por isso que até ele se surpreende ao parar ao lado de um mendigo na rua e lhe oferecer um café, e depois, lhe oferecer um emprego. Lou não sabe o motivo de ter feito isso, mas ele fez, e tudo mudou depois.
O mendigo em questão é Gabe, um homem muito parecido (fisicamente) com Lou, mas que diz e faz coisas que o incomodam.
Tendo que viver com Gabe na mesma empresa, Lou vai descobrindo aos poucos que Gabe está o transformando em algo que ele nunca imaginou e está o fazendo questionar-se sobre como está levando sua vida...


Sério, por que eu ainda duvido da narrativa da Cecelia? Dois livros narrados perfeitamente perfeição quando o assunto é envolver o leitor e trabalhar emoções com uma maestria única, já não seriam o suficiente para convencer alguém de que a autora realmente sabe o que esta fazendo? Acho que não, afinal ainda me surpreendo com o modo que Cecelia conduz suas historias e O Presente, terceira obra que li assinada por ela, sé me arrancou lágrimas, mais lágrimas e um inexplicável desejo de, um dia, escrever com a metade da desenvoltura que ela possui.

A história de Lou é linda, é verdadeira e um belo tapa na cara do leitor. O protagonista claramente abandona a família e todas as outras coisas boas da vida ao se dedicar exclusivamente ao trabalho, e, seremos sinceros, quem nunca pensou "Vou faltar nessa reunião de amigos/família para resolver este problema. Quando tudo estiver certo, terei tempo para essas coisas."? E a verdade é que, se pensarmos assim, nunca teremos tempo. Lou faz exatamente isso e acompanhá-lo enquanto exclui tudo e todos de sua vida e dá murros em ponta de faca é doloroso, dá vontade de entrar no livro, pegá-lo pelo colarinho e gritar "Você não está vendo o que está fazendo? Acorda, homem!". Mas quem somos nós para julgá-lo? As pessoas que cometem os mesmos erros que ele! Sim, isso me deixou em um conflito interno muito grande e me abalou bastante.

Como é de costume em obras da Cecelia a história possui uma pontinha de mágica, uma característica sobrenatural que é a responsável por fazer o protagonista crescer e amadurecer, além de ligar os fios, amarrar as pontas e interligar as histórias dos personagens secundários, que apesar de não serem o foco, possuem grande relevância para a história como um todo e contribuíram para que eu não conseguisse me afastar do livro ou esquecesse algum detalhe. A narrativa simplesmente não me permitiu cometer deslizes como ler duas vezes a mesma coisa. Fui sequestrada por Cecelia e não reclamaria em repetir o feito.

A forma como a autora conduz a história em terceira pessoa não se detêm em expor somente a visão de Lou. Ela vai passeando por Gabe, Ruth, Lucy e quem mais estiver disponível para acrescentar algo emocionante e reflexivo ou doce e leve, pois apesar de possuir uma lição de vida incrivelmente bem construída, em momento algum a leitura deixou de ser fluida como uma conversa entre amigos: Cecelia dizia, Lou aprendia e eu me emocionava. Foi assim durante mais de 300 páginas e agora que este encontro amigável terminou, ainda estou me esforçando para aceitar o final delicadamente lindo e devastador que ele teve... Ainda preciso mesmo dizer que recomendo a leitura? ;p
Lou passara tantos anos movendo-se tão rápido pelos minutos, pelas horas, pelos dias, pelos momentos da vida, que parou de percebê-la. (Pág 255).

Título: O presente.
Editora: Novo Conceito.
História: 5/5.
Narrativa: 5/5.