terça-feira, 20 de agosto de 2013

De volta para casa.

Estava doida para postar esta resenha para vocês! Lembrando que este livro está no prêmio do Top Comentarista de Agosto, hein? Aproveitem. *-*

Há quinze anos, Cassandra Madison saiu da pequena cidade de Walton, na Geórgia, e fugiu para Nova York. Ela sempre teve a sensação de não pertencer aquele lugar e o grande estopim foi quando sua irmã mais nova, Harriet, de quem Cassie sempre protegeu e cuidou (principalmente depois da morte da mãe, quando ambas ainda eram crianças), iria se casar com Joe, o amor da vida de Cassie.
Desesperada, sofrendo, se sentindo humilhada e traída pela irmã e pelo homem por quem sempre tinha sido apaixonada, ela buscou consolo e esquecimento na cidade grande.
Agora, uma conceituada agente publicitária, noiva e com uma vida inteiramente reformulada de forma a esquecer seu passado cheio de mágoas, ela recebe um telefonema de Harriet, dizendo-lhe que o pai está muito doente e quer ver a filha mais velha.
Ainda que temendo encontrar a irmã e Joe junto com a família que construíram, Cassie volta para Walton somente de passagem, pois assim que seu pai melhorar, ela retornará para sua vida em Nova York. Ao menos, é nisso que ela acredita.
Mas ao encontrar novamente as ruas de sua infância, as lojas, a escola, as pessoas que a conhecem desde criança, ao conhecer os cinco filhos de Harriet, ao constatar que Maddie, a sobrinha mais velha é quase ela mesma alguns anos atrás e encontrar Sam Parker, um menino com quem estudou e que ela sequer lembrava existir, mas que agora se faz presente ao seu lado em forma de um homem bonito, teimoso e irritante, ela é obrigada a repensar sobre sua vida e seu coração.


Eu já tinha lido outro livro da Karen White, Após a tempestade, e já não duvidava de sua capacidade em criar uma história emocionante e envolvente, porém temia uma narrativa que oscilasse entre o perfeito e o cansativo e confuso, como aconteceu com o livro anterior, mas esta instabilidade passa longe, muito longe, do que eu encontrei em De volta para casa. A narração que se intercala entre Cassie, Harriet e Maddie é sucinta, envolvente e característica de cada personagem. Não existe e não tem necessidade do nome de quem irá narrar cada parte do livro, pois logo pelas primeiras linhas você já consegue identificar a personalidade daquele narrador e saber o responsável pelo ponto de vista ali exposto. Cassie é mais centrada, está confusa e perdida, enquanto Harriet está sempre buscando auxiliar seus filhos, entender a irmã e contribuir para que ela fique feliz, e Maddie, apesar de se parecer com a tia em diversos aspectos, possui um olhar mais puro sobre as coisas. Não saberia dizer qual narração me agradou mais, pois fico dividida entre a fortaleza de Cassie e a inocência de Maddie.

Uma vez li em algum lugar, acho que foi no facebook, que é maravilhoso quando você lê algumas linhas de um livro e pensa que o autor está te descrevendo ali, colocando sua vida no papel, te desafiando a encarar coisas que você não sabia existirem em si mesmo, e sempre concordei com isso. Sou apaixonada por A vez da minha vida por isso, por ter esta grande conexão com o livro e com a protagonista, e isso aconteceu de novo. Acompanhei a história de Cassie com os olhos marejados durante quase todas as páginas, me perguntando como a autora conseguiu criar uma personagem que se parecesse tanto comigo, cheguei a me assustar, repensei minhas atitudes e com certeza aprendi sobre a vida e suas pegadinhas durante a leitura.

Sorri demais com o Sam e suas travessuras, quis poder esconder a Cassie do mundo mesmo que ela não seja uma personagem daquelas que pedem que você tenha dó dela, ela é forte, não fica remoendo o passado e se apegando em detalhes bobos, por isso entendi cada sofrimento, cada palavra não dita por ela, e a cada vez que ela reprimia as lágrimas, eu reprimia as minhas também. Sua história é linda e os desafios que ela passa na cidade de sua infância são dolorosos. A autora levou a protagonista por caminhos que eu definitivamente não imaginava, colocou personagens fortes em um cenário agradável e conduziu tudo de forma emocionante, sem tornar tudo melodramático.

Não tirando o brilho e a mágica do livro, mas confundindo um pouco, vem a revisão, que não dividiu os diálogos da narração em alguns momentos e na hora de ler você acaba se atropelando um pouco e precisa voltar uma ou duas linhas para pegar o de raciocínio de novo. Excetuando isso, que nada tem a ver com o trabalho da autora, digo aqui que ela conseguiu criar uma verdadeira obra-prima. Um livro encantador, com personagens realistas e apaixonantes que todo mundo que gosta de um bom romance devia ler.

*Meu livro está inteiro cheio de post-it marcando os melhores momentos, então não consegui escolher um só:

[...] Cassie olhou para Harriet, e Harriet viu tudo o que havia mudado na irmã naqueles 15 anos. Grande parte disso, a confiança, o olhar mais sofisticado, era muito bom de ver. Mas isso havia cobrado um preço alto demais. A garota engraçada, simples e alegre que um dia fora Cassie Madison havia sido enterrada sob todo aquele sofrimento para que uma mulher recém-inventada pudesse surgir dos escombros. De alguma maneira, Harriet perdera a irmã que um dia a amara e protegera como se aquela fosse a sua missão na vida, a mesma irmã para quem Harriet retribuíra seu amor com todo o coração. A irmã que Harriet magoara de uma maneira quase inimaginável. (Pág 173).

[...] antigas mágoas são difíceis de esquecer. (Pág 301).

Autora: Karen White.
Editora: Novo Conceito.
História: 5/5.
Narrativa: 5/5.