quarta-feira, 3 de julho de 2013

Will & Will.

Estou amando poder ler mais nas férias e estaria ainda mais feliz se a chata da ressaca literária decidisse ir embora, mas mesmo com ela aqui presente estou conseguindo fazer as resenhas, então vamos lá!

Will Grayson vive às sombras de seu gigante amigo gay, Tiner Cooper, e sua forma exuberante de ser e se expressar.
Sem ser muito bonito, muito inteligente ou muito engraçado, ele é só Will Grayson e certamente não esperava que para terminar um dia desastroso com chave de ouro, iria encontrar Will Grayson.
Este outro Will Grayson, ao contrário dele, não possui um amigo gay espalhafatoso, ou mesmo possui um amigo, pois a relação que tem com Maura é mais uma conveniente junção de pensamentos e/ou sentimentos depreciativos.
Enquanto o Will amigo de Tiner tem um bom relacionamento com os pais e tenta construir uma vida social mesmo que seu amigo se encarregue de destruir toda e qualquer chance de seus planos darem certo, o segundo Will tenta fugir de sua mãe, se sente culpado por ser um filho tão péssimo e busca esconder Isaac de todo mundo, para não ter que dividi-lo com ninguém, muito menos ter que explicar seu relacionamento homossexual virtual.
Os dois não possuem nada em comum além do nome, mas o destino se encarregou de uní-los, então algo resultará deste encontro inesperado...


Ainda não tinha lido nada do John Green (apesar de ter vontade), não tinha lido nada do David Levithan (apesar de ter curiosidade) e não tinha lido (até onde me lembro) nenhum livro em que algum protagonista fosse homossexual, então a leitura de Will & Will foi uma surpresa em todos os aspectos, e depois de terminar quero mais John Green, David Levithan e protagonistas homossexuais em minha vida literária!

Logo no primeiro capítulo, enquanto Will Grayson vai apresentando o Tiner gigantescamente gay, eu não consegui me segurar e dei muita risada o tempo todo, pois a narrativa é tão maravilhosamente cômica que não tem como não se render aos encantos do garoto de 16 que vive perdendo sua vida social. Já no segundo capítulo, narrado pelo outro Will Grayson, logo no começo eu já estava chocada e beirando o choro, tamanha a mudança de cenário e perspectiva. Foi então que eu soube que independente dos rumos que a história tomasse dali, o livro não ganharia menos do que 4 estrelas no Skoob, somente por reunir dois Will's tão diferentes em um único e belo contexto.

A quinta estrelinha seria garantida caso o destino dado pelos autores fosse original e convincente, e ele ganhou esta estrelinha por conta das situações únicas, o envolvimento de todas as personagens ter sido profundo e o crescimento de todos, perceptível. Os dois Will's se descobriram melhor, se tornaram ativos em suas vidas, aprenderam a se relacionar, a externar sentimentos... Enfim, o desenvolvimento foi muito bem feito, de forma emocionante e conflitante como qualquer mudança para garotos de 16 anos.

Tudo isso me fez querer chorar e sorrir nas mesmas proporções, e apesar de ser a favor de uma retirada de um detalhe mínimo na cena final, eu praticamente não tenho o que reclamar do livro, pois ele cumpriu tudo o que prometia, e ainda se superou. Somente não o recomendo muito para quem não aceita relações homossexuais, pois pode ser que este aspecto interfira na interpretação do livro, ofuscando alguns outros pontos que foram desenvolvidos de forma convincentes. Ou pode ser que o livro ajude a mudar esta visão, vai saber. ;p

Will Grayson amigo de Tiner:

Não muito inteligente. Não muito bonito. Não muito legal. Não muito engraçado. Esse sou eu: não muito. (Pág 213).
Will Grayson convenientemente amigo de Maura:

vivo constantemente dividido entre me matar e matar todos à minha volta.
essas parecem ser as duas opções.
tudo o mais é só para matar o tempo. (Pág 32).

Título: Will & Will.
Editora: Galera.
História: 5/5.
Narrativa: 5/5.