quarta-feira, 19 de junho de 2013

Nada.

Resenha de um livro que eu estava super ansiosa para ler!!!

Na pequena cidade de Taering, tudo estava acontecendo normalmente, sem imprevistos ou confusões, até que no primeiro dia de aula, Pierre Anthon, da turma 7A, descobre que nada tem importância, que não tem sentido viver, trabalhar ou estudar, pois um dia tudo vai acabar e nada, absolutamente nada, irá restar.
Esta revelação faz com que o rapaz decida parar de frequentar a escola e passar o tempo todo sentado em uma ameixeira e como se não bastasse seu lugar vago na sala de aula, Pierre Anthon fica, do alto da árvore, tentando convencer os colegas a pensar como ele.
Quando a situação começa a ficar insustentável, os outros alunos da turma 7A decidem que precisam achar uma forma de tirar o garoto de lá e devolvê-lo à normalidade.
Depois de muito pensar e imaginarem coisas malucas, finalmente se decidem: irão reunir tudo aquilo que importa e mostrar para o pequeno rebelde.
Isto decidido, está na hora de escolher os objetos que irão ser apresentados à Pierre Anthon e aí começa a complicação, pois reunir tudo o que tem significado em uma serralheria desativada significa se separar de coisas muito, muito importantes, o que pode ser extremamente doloroso. E ainda existe o risco de, afinal, o menino estar certo e nada ter sentido, significado ou importância...


Eu tinha grande expectativas com relação a esse livro e elas foram atendidas de forma satisfatória, principalmente no quesito complexidade. Então, se você não estiver disposto a sentir fortes emoções e se surpreender cada vez mais, acho bom passar bem longe dele, pois a carga emocional é gritante e não se surpreender acompanhando esses jovens na tentativa de provar que existe sim um sentido para a vida, é quase impossível pois o desespero e a ânsia de provar que vale a pena viver toma proporções gigantescas e os leva por caminhos inimagináveis.

A narrativa é rápida e objetiva até demais (em alguns momentos eu queria uma descrição maior tanto do cenário quanto dos envolvidos), porém isso não torna a leitura leve e simples como era de se esperar. Os argumentos usados por ambos os lados da discussão são válidos (alguns até científicos) e me levaram a pensar sobre quem realmente estava certo, ou se existia mesmo um lado certo e outro errado.

Outra questão interessante é o livro mostrar como uma pequena ideia pode destruir tudo aquilo em que acreditamos, uma verdadeira ruptura com nossas crenças e valores, e o quanto isso nos desestabiliza e assusta, pois quanto Pierre tem o "surto" dele, sem saber, desencadeia outros "surtos" em outras pessoas, que se sentem ameaçadas pela possibilidade de estarem erradas.

Este medo acontece com todos, porém quando este "todos" se resume em crianças, a situação muda de quadro e caminha para ações mais drásticas do que o esperado, e é o que acontece com a turma 7A. Eles buscam maneiras de provar que possuem a mentalidade certa, de forma dolorosa, desesperada e extremista. E é justamente isso que torna o livro tão lindo, intenso e instigante. Com um final que me deixou pasma, de tão inesperado, porém lógico. *-* Minha única observação é que gostaria de saber mais sobre o que causou esta epifania em Pierre Anthon. Acho que se isso fosse mais explicado ficaria um livro ainda melhor.

Nada importa.
Disso eu já sei faz muito tempo.
Então não vale a pena fazer nada.
Acabo de descobrir isso. (Pág 5).
Título: Nada.
Autora: Jane Teller.
Editora: Record.
História: 4/5.
Narrativa: 4/5.