sexta-feira, 5 de abril de 2013

O livro do amanhã.

Estou voltando para o blog aos pouquinhos, gente!

Tamara Goodwin tem 16 anos só conhece uma forma de vida: a em que ela tem tudo o que deseja, faz viagens internacionais, passa o dia na praia particular da família... Tudo muito lindo.
Até seu pai cometer suicídio e ela e a mãe perderem a casa, todos os bens e a vida boa que estavam acostumadas.
Agora, morando em um lugar perdido no meio do nada longe das amigas e junto com os tios, sem ter o que fazer, a única coisa que a faz esquecer da tia maluca por limpeza, seu marido que não gosta de falar, a mãe enlutada e o tédio é um castelo parcialmente destruído pelo fogo que fica nas redondezas e o surgimento de uma biblioteca móvel.
Dentro daquele ônibus cheio de livros, Tamara encontra um que a chama a atenção, pois não tem título, autor, nada escrito na lombada... E as páginas são protegidas por um cadeado!
Motivada pelo mistério que envolve o exemplar, ela fica com ele e quando finalmente consegue abrir o estranho livro, o mais inacreditável acontece: nele estão escritos tudo o que vai acontecer no dia seguinte de sua vida, com sua própria caligrafia.Ela começa a achar interessante saber o que irá acontecer no outro dia para poder tentar alterar para que aconteça da forma que ela quer, mas será que isso é uma coisa boa?
Outro livro da Cecelia que mexeu comigo, pois logo no começo percebi como Tamara é impulsiva, tenta se proteger sendo agressiva com as palavras, é inconsequente e até mimada e esta personalidade forte dela me impactou bastante; deu mais realidade ao livro, mesmo que ele seja um tanto fantástico, com a história do livro que misteriosamente escreve tudo o que vai acontecer no dia seguinte. E sobre isso, concordo plenamente com as primeiras páginas de O livro do amanhã, que diz que as pessoas precisam ter a mente aberta para entender verdadeiramente este livro, acreditar que aquilo realmente aconteceu. Eu fiz isso, adoro quando livros me causam essa sensação de liberdade do que pode ou não acontecer em nossas vidas, e só o que digo é: vale a pena.

A forma como a vida de Tamara muda drasticamente, ela precisando lidar com as consecutivas perdas em sua vida, a solidão, o tédio, o modo como ela tenta superar, entender tudo, é uma coisa linda, uma verdadeira história de crescimento. Fiquei emocionada em diversos momentos, queria chorar, entrar no livro e abraça-la, dizendo que tudo ia ficar bem ou a esconder, para aliviar um pouco a barra para ela. E os deslizes que ela comete durante esse aprendizado todo só me deixou mais desesperada em poder ajudá-la. Foi mágico. Mas a história não se desenvolve somente em volta de Tamara; tem muito mais coisas acontecendo simultaneamente e a ligação de tudo é feita de forma delicada e realista, com uma narrativa encantadoramente cheia de analogias, sentimentos e uma escrita rebuscada que emociona demais.

O único verdadeiro pecado desta narrativa foi na hora de situar o cenário, que me confundiu um pouco. Não entendi exatamente onde ficava o castelo que Tamara ia sempre, se era perto ou longe, e outros lugares que aparecem durante a trama também ficaram meio perdidos no espaço. Ao menos comigo foi assim, mas posso ter perdido algum detalhe importante que me fizesse entender. :( E também, a história sofre uma mudança de rumos na metade do livro... Me surpreendeu, desagradou um pouco e cheguei a duvidar que teria um final coerente e que não iria se perder, mas depois de algumas reviravoltas as coisas se encaixaram, e sim, teve um final coerente, apesar de não ter sido o que eu esperava.

No geral, O livro do amanhã tem seus deslizes e adendos, mas é um ótimo livro para nos fazer refletir sobre nossas atitudes, nossos valores e sobre o que pode ou não ser real, além de extremamente emocionante.

Eu fora pisoteada como uma planta, mas não morta, e, assim como essa planta, não me restara outra opção a não ser crescer numa direção diferente da qual eu me desenvolvera até então...
[...]

O que me deixava repetidas vezes em dúvida era em qual direção eu ia crescer agora. (Pág 91/92).

Eu? Nasci e olhei desconfiada a sala do hospital em volta, de um rosto a outro, e imediatamente soube que esse novo cenário não passava de uma porcaria e o melhor seria retornar logo para dentro. Continuei assim na vida. Qualquer lugar em que me via era ruim e em algum outro lugar, na direção contrária, devia ser melhor. (Pág 138).


Autora: Cecelia Ahern.
Editora: Novo Conceito.
História: 4/5.
Narrativa: 4/5.