domingo, 24 de fevereiro de 2013

O advogado da vida.

Resenha nacional para animar o domingo!

O renomado jornalista Patrick tem o que julga ser o maior furo de sua carreira. Ele conseguiu um vídeo em que Arthur Galanidel, médico obstetra, famoso por realizar partos de mulheres famosas de todo o país, admite realizar também, abortos em sua clínica.
Isto, por sí só, já foi um escândalo, mas após a notícia ser divulgada, aparece também o caso de uma menor de idade que supostamente foi coagida pelo doutor a realizar o aborto, tornando tudo ainda mais dramático.
Arthur Galanidel agora precisa de um ótimo advogado para defende-lo da acusação e por motivos que pouquíssimas pessoas entendem, decide recorrer a única pessoa que julga ser capaz de defende-lo com astúcia e personalidade. O inexperiente doutor David Puskas, dono de uma agência de advocacia e que só trabalhou com casos pequenos.
David reluta um pouco em aceitar o caso, pois o alarde do mesmo na mídia é enorme e a pressão popular ainda maior, porém acaba aceitando o desafio e se dispõe a defender o médico no tribunal, mesmo sabendo que é quase uma causa perdida.
Junto com Teo, seu estagiário com tendencia a agente secreto, Elaine, a secretária mãezona e Joana, sua noiva preocupada, o advogado irá para a defesa do caso que pode alavancar ou afundar sua carreira e irá gerar polêmica sobre o direito á vida, afinal, a mulher tem o direito de decidir sobre abortar ou não? O Estado ou a Igreja podem interferir nesta escolha? E se o doutor Arthur realmente realizava este procedimento em sua clínica, será que ele realmente estava errado?


Que a literatura nacional esta cada vez melhor eu não tenho dúvida, porém sempre fui direcionada aos gêneros mais leves como YA, fantasia, chick-lit... Nunca tinha sido "apresentada" a um livro mais intenso, que envolvesse mistério, perseguições e coisas assim, e no momento em que comecei esta leitura, percebi que ela seria o responsável pela minha impressão com o tema e agora sei que não podia ter sido melhor. Logo nas primeiras páginas somos apresentados a praticamente todos os personagens em uma narrativa com palavras bonitas do mundo jurídico em terceira pessoa, passeando entre todos os envolvidos no caso, ou seja, sabemos o que cada um está pensando em determinada situação, o que nos dá uma visão mais ampla de tudo e fica mais fácil escolher para qual lado torcer.

E este é o ponto delicado do livro: escolher o lado "certo". E o que me faz avisar aqui que para poder realmente acompanhar a história com toda a atenção e carinho que ela merece, é preciso que a pessoa tenha a mente aberta sobre os abortos. Não quero dizer que o autor tenta manipular o leitor e fazê-lo pensar como ele, e sim que o livro aborda a questão de todos os ângulos possíveis e se o leitor não estiver aberto a temporariamente deixar de lado suas próprias convicções, a leitura provavelmente não vai ser tão prazerosa.

Eu deixei minhas convicções de lado e tive o prazer de acompanhar uma trama regada a suspense e questões sociais/culturais que fazem parte de um livro real, com personagens teimosos, engraçados, ideológicos e corajosos, que nos levam para dentro do mundo jurídico, com todas as suas falhas e acertos, a busca por provas, testemunhas, argumentos, julgamentos, a pressão da mídia... Tudo aquilo que normalmente acompanhamos superficialmente pela televisão, sem sequer imaginar a quantidade de "dor de cabeça" que seus envolvidos tem.

A busca pelas provas e principalmente pelos argumentos, é alucinante e a vontade de saber o final daquele julgamento quase me fez ir direto nas últimas páginas e descobrir logo o final, de tão agoniante que foi. Eu me deliciei com alguns acontecimentos, me revoltei com outros, quis poder gritar com alguns personagens e abraçar o Teo em diversos momentos. Eu adorei ele! ♥ E sobre o final do livro? Concordei com os rumos que a história tomou e acredito que no momento, o final foi o mais adequado possível. Gostaria muito que este livro fosse uma espécie de alavanca para outros do gênero que abordassem o mesmo tema, viessem a ser mais divulgado e recebesse mais atenção da sociedade, governo etc...
[...] Eu aceito ser seu advogado, e não prometo lhe tirar daqui... Mas prometo uma boa briga no tribunal, Arthur. (Pág 74).
Autor: Jean Postai.
Editora: Novo Século.
História: 5/5.
Narrativa: 5/5.