domingo, 9 de dezembro de 2012

O começo do adeus.

Resenha nova para comemorar o meu último domingo antes das férias! \o/

Aaron é editor, trabalha na editora da família, publicando livros da coleção Para Iniciantes e tem uma deficiência, que dificulta sua mobilidade com o braço e a perna direita, mas não o impede de viver tudo o que deseja. O que o impede é o modo como é tratado.Ele cresceu recebendo os melhores e sufocantes cuidados da irmã Nandina e da mãe, que queriam proteger e guiar o menino em tudo.E foi mais ou menos por isso que ele se casou com Dorothy, uma médica discreta, direta e nada manhosa. Eles viveram juntos por alguns anos, mas então uma árvore caiu na casa dos dois, e ela morreu.Aaron ficou desolado com a morte da esposa e terá que aprender a viver sem ela e seguir em frente, mas como ele vai fazer isso se depois de algum tempo, ela começa a reaparecer?Em momentos inesperados, locais inimagináveis, locais comuns... Sempre que ele não espera, mas quando ele realmente deseja que ela apareça, ela não vem.Ele não sabe o motivo dessas aparições, também não se importa em descobrir... Ele quer, somente, descobrir uma forma de dizer adeus...


Sabe quando você pega um livro sem pretensões algumas, e logo de cara se sente atraído pela narrativa? Foi o que aconteceu comigo quando peguei O começo do adeus. A narrativa é doce, delicada e bem humorada, apesar do tema mais pesado e do sofrimento de Aaron, e acho que foi isso que tornou o livro mais real. Não é aquilo de três páginas inteiras falando somente sobre a dor da perda e a sensação de solidão. São todas as páginas falando de forma cadenciada e organizada sobre como ele passa pela fase triste, com algumas lembranças da época do namoro, da infância ou até mesmo de depois de casado...
Aaron é forte, divertido, irônico e responsável, nem um pouco o tipo de pessoa que fica se escondendo e esperando piedade dos outros. Ele tem alguns surtos de carência, mas ninguém é perfeito, não é? Nandina, sua irmã, é muito mais irônica do que ele, inteligente e super protetora... O modo como ela cuida dele chegou a irritar, mas é compreensível.

Como a história começa a ser contada depois da morte de Dorothy, o que conhecemos dela é de quando Aaron lembra, então não tem muito para falar sobre ela, somente que era desorganizada e super profissional. =/

No geral, o livro me lembrou um pouco de Um lugar para ficar, da Deb Callet. Não pela história, mas sim pela narrativa, que mesmo tendo temas delicados e tristes, foram simples e verdadeiras, sem deixar a sensação de superficialidade ou de melancolia, mas sim de que aquilo realmente aconteceu e foi escrito de forma a passar exatamente o que tinha que ser passado, sem interferências para tornar mais atrativo para qualquer um. A realidade dessa história é chocante e mexe bastante com nosso modo de ver e agir, mas não foi o livro que mudou a minha vida como eu vi que aconteceu com alguns leitores, somente mostrou novas experiências, das quais eu me orgulho de ter acompanhado. \o/

PS: Alguém entendeu a lógica dessa capa? Quem conta a história é o Aaron, um homem... =/
Eu queria a realidade, mesmo que fosse imperfeita e repleta de falhas. (Pág 163).

Autora: Anne Tyler.
Editora: Novo Conceito.
História: 4/5.
Narrativa: 4/5.