terça-feira, 8 de março de 2016

Ilusões aleatórias #7. Dia Internacional das Mulheres e o que eu realmente quero.

Ando pensando demais. E com isso, escrevendo cada vez mais.



Hoje, uma menina me pediu ajuda.

No auge dos seus 12 anos, ouviu um comentário machista proferido por um menino da sua idade, e se indignou. Ele questionava a fragilidade e inteligência das mulheres.

Revoltada, a menina pediu que eu ajudasse, que lhe auxiliasse a lidar com isso e encontrasse uma forma de mostrar para o menino que sua fala tinha sido de péssimo tom, desnecessária e ofensiva.

Ao me dizer que apesar de outras garotas terem se incomodado, foi a única a se manifestar, falei sobre o Vamos Juntas?! e aconselhei que conversasse com as outras para que, juntas, se pronunciassem sobre o acontecido. Citei um momento em que ela, e as outras, poderiam se mobilizar em uma ação que mostrasse inteligência e tenacidade.

Mas, acima de tudo, pedi que não se calasse. Falei que estava coberta de razão, que ela deveria sim se manifestar, não poderia se fazer de desentendida ou ignorar. Não foi o primeiro comentário machista que ela ouviu e infelizmente também não será o último, portanto revelar seu desagrado fará com que se empodere cada vez mais.

E ao ouvir que ela estava com muito ódio do menino, pedi que não o odiasse, pois ele só estava repetindo algo que já tinha ouvido por aí; provavelmente sem nem saber o significado daquela frase.

Fiquei feliz em conversar com aquela garota, ver o tamanho da sua insatisfação e sua vontade de mostrar para o menino o quanto estava errado. Mas nem todas as garotas encontram uma “Yara” por aí, disposta a lhe ajudar e fazer coro em sua voz. Eu mesma, aos 12 anos, não tive. Infelizmente, estava cercada por silenciadores, pessoas interessadas em manter minha revolta escondida e abafada.

Então, hoje, eu não quero flores. Não quero bombom. Nem frases delicadas. Muito menos imagens fofas com frases bobas sobre cabelo, salto alto, batom ou unhas. Não me dê nada disso. Não preciso hoje nem nos outros 364 dias do ano.

Só quero mesmo, de verdade, respeito. Para mim e todas as outras. Para que a cada dia existam menos meninas passando por situações ridículas como esta. Que os garotos, em suas fases de crescimento, não escutem essas atrocidades e depois saiam repetindo por aí como verdades incontestáveis, causando desconforto, mágoas e ressentimentos.

Troquem as flores por respeito e o chocolate por liberdade.