sábado, 14 de novembro de 2015

Barba ensopada de sangue.

Mais uma resenha!
Mas antes preciso dizer que tem promoção de marcadores lá na página do blog!



Após o suicídio do pai, acontecimento devidamente organizado e programado, a vida obriga um professor de natação a mudar não apenas de lugar, mas de vida.
Depois de largar o emprego, saí de Porto Alegre e vai parar em Garopaba, uma cidadezinha pequena em Santa Catarina. Leva somente a cachorra que uma vez foi de seu pai.
Lidando com uma doença rara que o faz esquecer o rosto das pessoas segundos depois de vê-lo, ele começa uma busca por respostas sobre a morte do avó, muitos anos antes, naquele mesmo lugar.
Sua jornada não é fácil e pelo caminho vai encontrar pessoas muito interessadas em manter o mistério sobre o falecimento de seu avô.


Na adolescência o resto da vida parece uma eternidade e vamos supondo que sobrará tempo para tudo. (Pág 07).
Pode ser que alguns de vocês sequer tenham ouvido falar deste livro antes, mas acredito que um ou outro deve, assim como eu, já ter ouvido falar sobre como o livro Barba ensopada de sangue, do Daniel Galera, é o tipo de livro, nacional e atual, que todos deviam ler. Foi mais ou menos com uma apresentação assim que conheci o livro, em uma lista de obras indispensáveis. Eu tenho esse problema, sabe? O de ler todas as listas que encontro, principalmente se ela falar sobre livros. Em meio a tantas outras obras maravilhosas e até então desconhecidas por mim, este livro me chamou a atenção pelo título inusitado e pouco claro. Fiquei mais de meses pesquisando preços e procurando promoções. Comprei e passei na frente dos outros, afinal... É uma obra indispensável, não é? Bom... Intrigante? Sim. Complexa? Sim. Indispensável? Nem tanto.

Às vezes a coisa certa a fazer causa sofrimento. Sofrer é ruim, mas faz parte. (Pág 126).

Ao nos contar essa história, o autor nos leva para a praia de Garopaba e este cenário muito provavelmente vai te encantar. Eu, particularmente, não gosto de praia, mas Garopaba é um lugar diferente, com pessoas distintas e ímpares. Muitos segredos se escondem por ali e dão uma aura quase irreal ao lugar. As longas descrições conseguiram fazer com que eu imaginasse o espaço com muita clareza, coisa que admiro. No entanto essas mesmas descrições fizeram com que a leitura parecesse se arrastar e as páginas nunca virarem. Não consegui encontrar um ritmo bom e me manter nele. Sempre que os diálogos pareciam levar a história adiante, aparecia um ou mais parágrafos de divagações ou descrições e a coisa voltava a ficar lenta.

Falar estraga. É só dar nome que morre. (Pág 268).

E quando eu digo que os diálogos pareciam levar a história adiante, não me refiro a todos eles. Alguns simplesmente me cansavam mais ainda. Sério, se as pessoas conversassem comigo da forma que constantemente conversam com o protagonista... Eu iria mandar todo mundo calar a boca em poucos segundos. Os personagens aqui parecem ter um regulador de fala que geralmente não funciona. Entendo que em um momento ou outro, você surta e fala muito de uma vez só. Acontece. Agora se esse tipo de coisa é recorrente, existe um problema com você. Começar uma frase falando sobre "A" depois migrar para "H" é terminar em "O" em um único fôlego?! Não sei lidar. Essas falas absurdamente longas e com vários assuntos misturados me deixavam irritada e me perguntando como o protagonista aguentava.

[...] o problema é que tu encara a vida como uma coisa para ser vivida sozinho a não ser que as circunstâncias te forcem ao contrário. (Pág 283)

Agora, excetuando longas descrições e falas, eu meio que entendo porque o livro é sempre recomendado por aí. Sua história é interessante, você consegue sentir o drama da doença do persoangem, consegue entender porque ele decidiu largar tudo e se mudar para um lugar meio perdido no meio do nada e, principalmente, consegue ver o crescimento deste personagem ao longo da história. Em sua busca por respostas e raízes ele se envolve em situações complicadas e perigosas e é legal acompanhar tudo isso. Ver como o personagem interage com as pessoas e a forma que pensa ao tomar determinadas atitudes. Tudo contribui para que você tenha vontade de chegar ao final e mesmo que um detalhe dele tenha me incomodado, foi um final muito bom e exatamente o que o desenvolvimento pedia.

Há apenas dois lugares possíveis para uma pessoa. A família é um deles. O outro é o mundo inteiro. Às vezes não é fácil saber em qual dos dois estamos. (Pág 399).

Sobre o autor:

Nasceu em 1979, em São Paulo. Filho de gaúchos, passou a maior parte da vida em Porto Alegre. Escritor e tradutor de literatura contemporânea de língua inglesa, foi um dos criadores da editora Livros do Mal, por onde lançou seu livro de estreia, Dentes guardados (2001), e a primeira edição de Até o dia em que o cão morreu (2003), adaptado para o cinema por Beto Brant e Renato Ciasca como Cão sem dono (2007). Seu romance Mãos de Cavalo (2006) foi incluído na lista de leituras do vestibular da UFG por três anos consecutivos. Cordilheira (2008) recebeu o prêmio Machado de Assis de Romance, da Fundação Biblioteca Nacional, e foi terceiro lugar na categoria Romance do prêmio Jabuti. É autor também do álbum em quadrinhos Cachalote (2010), com o desenhista Rafael Coutinho. Seus livros e contos foram adaptados para cinema, teatro e histórias em quadrinhos. No exterior, os direitos de sua obra foram vendidos para países como Inglaterra, Estados Unidos, França, Itália, Argentina, Portugal, Romênia e Holanda.

Outras informações:
Compare o preço: Buscapé.
História: 4/5.
Narrativa: 3/5.