terça-feira, 31 de março de 2015

Renascer de um outono.

Último dia do mês e eu aqui correndo para postar a resenha do livro que escolhi para Março, no Desafio Literário Skoob 2015. :D

Anna Hills nunca imaginou que quando chegasse aos dezoito anos, sua vida estaria tão diferente e dolorosamente triste como está.
Ainda lidando com a perda da mãe ela tem que aceitar não ter passado no vestibular da faculdade, estar sozinha em uma cidade nova e agora, desempregada, pois foi demitida da lanchonete em que trabalhava.
Ela vê uma pequena luz no fim do túnel quando encontra um anúncio no jornal sobre um emprego de babá, porém ela também não imaginava que cuidar de uma garotinha de sete anos, a Lauren, pudesse ser tão difícil e que ela seria tão resistente em lhe dar atenção e que Ricardo, seu chefe, fosse uma pessoa tão maravilhosa e se tornasse tão próximo.
Como se não bastasse isso, ao aceitar o emprego Anna acaba se colocando próxima de John (seu amor platônico desde a infância) e, mais uma vez, sua vida é virada de cabeça para baixo...
Para quem não sabe, Renascer de um outono é da mesma autora de O Pássaro (leia minha declaração de amor ao livro aqui), uma verdadeira obra-prima, um livro maravilhoso que me roubou o coração. Talvez seja por isso que eu tenha me decepcionado com Renascer de um outono e tenha ficado tão desapontada durante a leitura, pois esperava uma história e personagens tão verossímeis quanto os do outro livro, e encontrei uma protagonista chata e uma história para lá de irreal e sem graça, contada em uma narrativa em primeira pessoa que me pareceu arrastada demais . Não odiei o livro, porém confesso que principalmente durante as duzentas primeiras páginas, eu cheguei bem próximo disso e só não desisti da leitura (ao menos por um tempo), por ter escolhido o livro como o do mês de Março no Desafio do Skoob (e isso mostra o quanto eu ansiava pela história, pois o usei para representar o mês da autora com A maiúsculo, no caso, a Samanta).

Mas Anna Hills não conseguiu me fazer aceitá-la. Não durante as primeiras duzentas páginas (e ao considerar que o livro tem pouco mais de 300, isso é muita coisa), onde ela se mostrou uma pessoa chata e cheia de lições de moral. Juro que não me importo (e até gosto, na verdade) quando o protagonista faz reflexões sobre a vida e, com isso, acaba passando um “sermão” no leitor. Mas é preciso moderação, coisa que a Anna não tem. Ela passa o tempo todo dando sermões nela mesma, em quem convive com ela, em quem passa por ela na rua e em quem acompanha sua história (no caso, eu). Vinte páginas depois de iniciada a leitura eu já estava querendo entrar no livro e dar o meu sermão nela, dizendo que parasse de encher minha paciência e a dos demais personagens. Sério, não sei como eles a aguentavam. Eu rapidamente teria dado um basta naquela sem graça e mandado que ela fosse ser chata longe de mim.

E outra coisa que me incomodou foi o fato da história me parecer fantasiosa demais. Tudo acontece por coincidência. Histórias vão se cruzando, reencontros vão acontecendo e tudo gira em volta da Anna, como se todos precisassem que ela, em algum momento, intervisse a seu favor, mesmo que nem ela tenha ideia do que está fazendo. São personagens e mais personagens (res)surgindo aqui e ali, cada um carregando consigo uma “bagagem”, que inevitavelmente incluí algo relacionado à Anna. Sei que coincidências acontecem, mas quando TUDO é uma grande coincidência... Não, eu não consigo comprar essa ideia. Não acho que tudo pode ser um grande acaso, as coisas precisam sim de explicações e, não, não é nada legal quando a cada passo a protagonista se vê cara a cara com alguém que já fez parte da sua história. Cheguei ao ponto de dar risada dessas coincidências e a cada página virada eu me perguntava “Qual irrealidade vem agora?”.

E sabem por que eu não odiei o livro? Porque mesmo quando a protagonista me tirava do sério, existia a Lauren (a garotinha de quem Anna era babá) sendo rebelde e difícil, e o Ricardo (o tio dela e patrão da Anna) sendo lindo, um cavalheiro maravilhoso. E também porque depois das duzentas páginas iniciais a Anna pareceu virar gente decente, uma reviravolta envolvendo John-Anna-Lauren-Ricardo aconteceu e o final foi surpreendente. Eu já tinha me convencido que jogaria o livro longe se a Anna ficasse com o John (porque, para mim, seria a gota d’água naquela história totalmente hilária) e não com o Ricardo, mas neste quesito a autora foi muito criativa e, com a reviravolta que acontece, mudou o quadro da história e criou um desfecho totalmente ousado e admirável, me fazendo fechar o livro sorrindo. Não me emocionei nem chorei com a leitura e cheguei bem próximo de o abandonar, por isso não digo que recomendo para todo mundo, mas se você tiver curiosidade leia para tirar suas próprias conclusões. As minhas não são favoráveis à obra, mas pode ser que você consiga encontrar mais lógica e realidade do que eu, então...
Enquanto não chegar o momento de você encarar a verdade, pouco adianta se torturar com as possibilidades (Pág 215)
Sobre a autora:

Nascida no Dia Mundial do Livro, Samanta Holtz parecia destinada a trilhar o caminho da literatura. Aprendeu a ler sozinha aos cinco anos, tamanha era a vontade de entender as histórias que sua mãe lia para ela. Aos nove, ganhou um prêmio de redação em sua cidade, Porto Feliz, interior de São Paulo. Publicou em 2012 o romance histórico “O Pássaro”, premiado no “Destaques Literários” por votação do público e do júri técnico, seguido por “Quero ser Beth Levitt”, com a primeira edição esgotada em três meses, e “Renascer de um Outono”, romance idealizado ainda na adolescência. 
Com histórias românticas e cheias de surpresas, Samanta guia seus leitores por uma deliciosa viagem, levando-os das lágrimas ao riso em questão de capítulos.

Outras obras dela:

O pássaro.
Quero ser Beth Levitt.

Outras informações:
Editora: Novo Século.
História: 2/5.
Narrativa: 3/5,