segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Tatuagem.

Hoje é o primeiro dia do meu recesso do serviço, gente!
Aí agora sim vou conseguir colocar as coisas em ordem por aqui, começando por mais uma resenha. :D

Tatuagem Editora Novo Século
Ninguém nunca enxergou Laura. Ela tem 15 anos, mas durante sua vida inteira, ninguém pareceu olhar para ela com outra intenção, que não fosse tirar sarro, xingá-la ou agredi-la. Exceto Jack.
Ele, de forma surpreendente, conseguiu ver a Laura de verdade e se aproximou dela com intenções muito mais doces e agradáveis, mostrando para ela um mundo praticamente novo e menos doloroso. Jack a defendeu e conquistou o coração dela.
Porém um acidente aconteceu, as coisas mudaram novamente e Laura teve que aprender a seguir em frente, deixando Jack e tudo o mais para trás. O problema foi que Jack não fez o mesmo, não seguiu em frente.
E, de repente, Laura não mais precisava que Jack a protegesse e sim que ele se afastasse, a esquecesse...


Quando dei início a esta leitura, não sabia o que esperar, porém logo no começo soube que gostaria muito, pois as primeiras páginas me deixaram, por diversas vezes, com os olhos marejados. Notei que em sua narrativa em primeira pessoa (pelo ponto de vista de Laura) a autora ia fazer uso de muitos sentimentos no decorrer da trama, e pela maior parte do início ser marcada por emoções como sofrimento, medo e dor, já queria chorar e colocar a protagonista dentro de uma bolha de vidro forte o bastante para protegê-la. A autora conseguiu criar uma protagonista para lá de inocente, real e agradável.

Algumas vezes Laura me deixava boba com sua ingenuidade, pois era óbvio que o que ela estava fazendo era uma idiotice ou inconsequência, porém ela fazia mesmo assim, sem se dar conta do tamanho do erro. Ao contrário do que imaginava, isso não me irritou. Fiquei pasma com toda a inocência dela, mas atribuí tudo isso à sua imaturidade. Ela, na verdade, não tinha visto o suficiente do mundo para saber que aquelas pequenas coisas na verdade indicavam um absurdo sem fim. E a autora soube trabalhar tão bem tudo isso que me deixou radiante. Conseguiu mostrar com clareza cada aspecto da vida de Laura, dar base para suas atitudes e desenvolver sua personalidade aos poucos, em um ritmo constante.

Jack é um personagem complexo, não consegui me decidir se gosto dele ou não. Ao contrário de Laura, que me conquistou desde a primeira página, Jack me deixou em estado de alerta desde sua aparição e sempre que eu começava a baixar a guarda acontecia algo que me fazia voltar atrás e começava a desconfiar dele novamente. Ele me deixou em conflito interno o tempo todo e nem sei como o descrever aqui. Interessante? Assustador? Humano? Não tenho ideia! Acho que para entender melhor minha confusão é preciso acompanhar a história inteira, para começar a compreender o tamanho da complexidade deste personagem. Ele, com certeza, é o diferencial do livro, pois sua história parece bem comum, não é? Garota tímida se apaixona por um badboy e as coisas fogem do controle. Mas então tem o Jack e ele faz tudo ser diferente e com proporções absurdas. Vocês precisam ler para entender melhor, acho.

Depois da metade do livro percebi que a autora mudou um pouco o rumo das coisas e fiquei um pouco temerosa da próxima página, pois tive a impressão que a obra seguia pelo caminho X e, de repente, pegou um atalho e foi para o Y e temi que a autora não conseguisse finalizar tudo de uma maneira agradável, porém, para minha felicidade, ela conseguiu sim fazer isso e no geral gostei muito do livro e o recomendo. Não seguiu todos os caminhos que eu esperava, me surpreendeu bastante com seu enredo "mudando de rumo" no meio do caminho, mas ainda assim me agradou. Ele possui uma história interessante, emocionante e um tanto real, narrada de forma simples e envolvente, com personagens humanos e cheios de defeitos. Um daqueles livros para ler em um dia (foi o que eu fiz) e se lembrar sempre (afinal, o Jack é gente boa ou não?!).

O banho é um bom momento para pensar em todas as coisas estúpidas que fizemos, que dizemos ou nos crimes que cometemos pensando em boas intenções. Às vezes esses crimes não causam pesares a mais ninguém senão a nós mesmos. E não adianta chorar, o tempo vai passar e as punições começarão a chegar. Aí, sim, enxergaremos quantas vezes podíamos ter evitado tais crimes.
Quantos crimes eu cometi contra mim mesma? (Pág 228).

Sobre a autora:


“Uma noite comum na faculdade, a folha do caderno em branco, uma menina é desenhada ali. Olhando para a palidez vinda do papel surge o pensamento ‘acho que vou tatuá-la’”. E assim nasceu a ideia do que viria a ser o primeiro livro publicado de Marina S. Marchiori. “Presta atenção na aula” ouviu, mas por mais que tentasse seguir o sistema, a materialização de uma ideia sempre foi a prioridade dessa artista de 22 anos, que apesar de ter nascido em Campinas, passou a infância e a adolescência na pacata Itararé. Formada em Letras, essa nova autora se vê como uma contadora de histórias, uma ponte por onde passa suas criações para esse mundo exterior, onde se sente constantemente uma alienígena.

Outras informações:
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Título: Tatuagem.
Autora: Marina Salla.
Editora: Novo Século - Talentos da Literatura Brasileira.
História: 3/5.
Narrativa: 5/5.