sábado, 9 de agosto de 2014

O açougue maldito.

Eis aqui a primeira resenha das novas parcerias do blog... :D

Após o falecimento do marido, Rose decide se mudar da cidade grande, voltar para a cidade do interior onde viveu sua infância e onde pretende fazer seu filho Flavinho viver os melhores momentos de sua vida.
Mas ao chegar em sua antiga casa, a mesma em que seus pais foram mortos de forma trágica e de onde seus corpos desapareceram momentos depois de terem sido encontrados, ela percebe que a paz que tanto sonha ainda está longe de se tornar realidade.
A casa parece realmente mal assombrada, coisas estranhas acontecem o tempo inteiro e, em determinado momento, seu filhinho, aquela criança doce e linda, desaparece.
Rose, desesperada, saí procurando sua criança pelas ruas da cidade e descobre que o açougue da rua é um lugar muito estranho e que aquele recinto pode estar envolvido no sumiço de seu filho... O que não a impede de ir atrás da criança, é claro. Mas será que conseguirá salvar seu bebê?


Até pouco tempo não sabia da existência deste livro, mas assim que o descobri fiquei interessada pois não é o tipo de livro que estou acostumada e ando querendo sair da minha "zona de conforto", me arriscando em obras de suspense, terror (bem pouco!), policial etc... E quando tive a oportunidade de ler O açougue maldito, não hesitei em nada, afinal olhem bem o título do livro! *arrepiada* E, após concluir a leitura, posso dizer que, no geral, é uma boa obra "bruta", mas que seria ainda melhor se tivesse sido mais "lapidada", e com isso quero dizer melhor explorada. A ideia inicial, o enredo e o desfecho são bons, mas poderiam ser mais bem desenvolvidos, assim como Rose, a personagem principal, poderia ter sido melhor fundamentada e apresentada ao leitor.

Pude notar que o autor tem uma "veia" sentimental em suas palavras, diversas vezes adicionando frases mais marcantes e expressivas no enredo. Gostei bastante disso, pois torna a leitura mais intensa, porém se ele tivesse utilizado outras palavras, algo um pouco mais complexo, ficaria melhor. Como ele fez uso de um vocabulário extremamente simples ficou sem graça e essas "frases de efeito" ficaram um pouco deslocadas, perdidas e dissociadas do resto da história. Outra coisa que me incomodou um pouco foi a questão da revisão da obra. Ou a falta dela. Não existem muitos erros de digitação, mas sim de compreensão. Existem vírgulas demais em todas as frases, quebrando o pensamento e interrompendo a cena. Tive que reler diversas passagens por conta das vírgulas indevidas que me atrapalhavam a compreensão e cortavam a linha de pensamento. E o livro se passa na época da ditadura, porém não existe muito foco ou referências à isso.

Mais um aspecto que poderia ter sido melhor tratado no livro diz respeito à condução da história, que foi repetitiva. Por exemplo: o autor dizia que a protagonista saiu de casa com a intenção de comprar carne para o almoço, aí ela começava a pensar em como sua vida tinha se transformado devido à mudança da cidade grande para a pequena, e depois o autor retomava a ideia de que ela tinha saído de casa com a intenção de comprar a carne para o almoço. E eu já sabia que ela tinha saído de casa com a intenção de comprar a carne para o almoço, pois ele tinha me contado isso apenas algumas linhas acima. E então eu ficava confusa com essas constantes retomadas de assunto. Não existia a necessidade de tudo isso. Mas o bom da narrativa do autor foi ela ser em terceira pessoa, mas sempre focando em Rose e não fazer uso de muitos diálogos. O livro inteiro se parece com um daqueles contos de terror que o pessoal costuma contar no meio da noite, quando a energia elétrica acaba e se tem um amigo medroso por perto.

Mas eu disse que o livro era bom, não disse? Pois é, ele é. Não cheguei a ficar com medo de nada do que estava lendo nem mesmo no final, mas a curiosidade foi enorme. Fiquei muito intrigada com alguns acontecimentos, pensando "Mas que raios, como pode acontecer uma coisa dessas?!" e fazendo mil e uma suposições sobre o desfecho. Cheguei a acertar uma parte dele, mas a outra me surpreendeu bastante. E é por isso que eu indico o livro para quem se interessa pelo tema ou gênero. Porque raramente livros policiais ou de suspense me agradam em seu final e este agradou. Não foi algo totalmente inimaginável (se eu tivesse o mínimo de bom-senso teria conseguido chegar à conclusão antes mesmo de ler as explicações) e me deixou um pouco boba com o quanto o ser humano consegue ser detestável e destrutivo. Recomendo a leitura para que todos tirem suas próprias conclusões e deixo aqui a minha: é um bom livro, podia ser ainda melhor.
Quando estamos no escuro, com medo, é só acender uma luz, que todo o medo passa. O escuro provoca o medo, o pavor. (Pág 93).
PS: O autor me disse que, para a Bienal, preparou uma nova edição revisada e ampliada, então acho que alguns dos aspectos negativos que citei referentes à revisão estão resolvidos nesta nova edição. :D
PPS: O livro é baseado em um crime real, mas sua história é bem diferente do acontecimento em si.

Título: O açougue maldito.
Editora: Lexia.
História: 4/5.
Narrativa: 2/5.