segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ilusões aleatórias #3 Favoritos. Existem regras para eles?

Vamos para mais um Ilusões Aleatórias? Gostei de fazer este post...hahaha



Esses dias me peguei fazendo algo, até então, inédito em minha vida de leitora: marcar como favorito, no Skoob, dois livros que li há mais de meses, e que, na ocasião, haviam recebido apenas 5 estrelas e vários elogios, mas não meu coração por inteiro. Mas o efeito da leitura foi gradual e tempos depois, já era, estava apaixonada.

No início não entendi o que estava fazendo, não achei lógica nenhuma. Então, parei para pensar. Comecei a me questionar sobre como, quando e por quê determinado livro se tornou um dos favoritos. As respostas, percebi, variavam entre “amor à primeira lida”, “a protagonista sou eu”, “a história é muito incrível”, “foi uma lição de vida” etc. Ou seja, não encontrei uma resposta. E foi assim que descobri o “X da questão”: não existe padrão algum, tudo o que existe é meu coração e a maneira como entendo cada livro que leio.

Recentemente li A marca de Atena, terceiro livro da série Os heróis do Olimpo, uma aventura magnífica pelo mundo mitológico escrita pelo meu divo Rick Riordan e o resultado foi amor à primeira vista, deslumbramento com a história, empatia e amizade com os personagens e envolvimento à flor da pele. Mas isso também me aconteceu enquanto acompanhava a história de recomeços, segundas chances, escolhas erradas, valores distorcidos e relações familiares lindamente narradas por Cecelia Ahern em O presente.

O que esses dois livros, uma aventura adolescente regada à mitologia e um drama adulto movido a escolhas, erros e consequências, possuem em comum? Oras, apenas a capacidade de me levar aos prantos e conquistarem um lugarzinho especial em minha estante (física e emocional)!

O mesmo acontece quando paro para pensar em Paixão sem limites, o YA apaixonante e repleto de cenas hots, drama e superação escrito por Abby Glines, e Sangue na neve, um romance policial incrível do qual a tensão escorre pelas páginas de maneira quase literal, perfeitamente contado por Lisa Gardner. Além do meu coração conquistado e das lágrimas que deixei escapar, não consigo imaginar algo que os ligue.

E os livros que recentemente marquei como favoritos, mas que já li há tempos foram Todo dia (David Levithan) e As vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky) que, acredito, já eram favoritos em minha vida desde que os li, no entanto eu não tinha dado conta da importância dessas histórias, que com o passar do tempo só foram provando seu valor à medida que usava pequenos trechos (previamente bem gravados em minha cabeça) para dar base às minhas ideias, defender meus argumentos e tentar explicar minhas atitudes.

Perdi as contas de quantas vezes usei parte do livro de Levithan (geralmente essa) como um reforço aos meus argumentos em debates sobre escolhas sexuais e não tenho noção de quantas vezes recorri ao diário de Charlie para expor ao mundo meus sentimentos nas mais diversas circunstâncias (como neste caso). Ou seja, essas duas obras estão mais do que presentes em meu dia-a-dia, seja em falas ou pensamento, assim como amigos. E é isso que busco em meus livros: amigos.

Amigos que me ajudam, que me confortam, que me fazem rir, que me levam para longe dos meus problemas, que me jogam para dentro de dilemas dos quais tento fugir com unhas e dentes, amigos que fazem questão de jogar na minha cara meus defeitos na esperança que, em algum momento, eu possa ser forte o bastante para agir de forma diferente e tentar ser melhor a cada dia, amigos que posso abraçar, apertar e declarar meu amor aos quatro ventos, sem medo de ser rejeitada.

Esse é meu propósito com todas as leituras e quando encontro um livro que me proporciona tudo isso, não tento esconder o sorriso ao lembrar de sua capa ou protagonista, não hesito em sair indicando o livro a torto e direito, a chorar desesperadamente ao saber que existirá uma adaptação cinematográfica ou a se descabelar por saber que, por algum motivo, ela não irá acontecer e dar-lhe meu coração de forma simbólica em uma rede social. Só que, assim como acontece com os outros amigos, nem sempre damos o devido valor enquanto ainda os temos ao nosso lado, por isso que só fui dar meu coração simbolicamente falando para dois amigos meses depois de ter terminado a leitura, de ter me separado deles.

E agora, ao final deste texto, deixo aqui minha resposta para a pergunta inicial, aquela em que disse não existir resposta. Pois é, eu estava errada. A resposta existe e é a mais lógica possível. Os livros se tornam meus favoritos a partir do momento em que se transformam em meus amigos, e assim como na amizade, só é possível dizer-se verdadeiro amigo quando as lembranças e os sentimentos dos momentos compartilhados, sejam eles bons ou não, permanecem conosco mesmo quando tudo parece ir embora... Esses sim, são meus favoritos, mesmo que sejam muitos e que não sejam parecidos entre si, pois, acima de tudo, eles são os meus amigos, e um amigo é uma das melhores coisas da vida.