quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ilusões aleatórias #2: 1 ou 10?

Olhem que lindo, agora eu dei um nome para os post com meus pensamentos aleatórios! :D
O primeiro foi sobre a Literatura Nacional (olhem aqui), mas ainda não tinha um nome definido. Fiz isso agora, para usar no segundo post do gênero. ;p




Não sei vocês, mas eu amo terminar um livro e saber que, ainda hoje ou daqui seis meses, posso reencontrar aqueles personagens que me marcaram, me fizeram chorar, me irritaram ou simplesmente me acompanharam durante algumas horas. Saber que ao fechar aquele livro posso voltar à estante, dedilhar por algumas lombadas até encontrar aquele que procuro, aquele que vai resolver meu problema, que vai deixar meu coração mais leve novamente e aliviar a saudade: a continuação.

Já aconteceu de, em um surto, eu comprar uma série inteira de uma vez, como foi o caso dos três primeiros livros de "Beijada por um anjo" (inicialmente a série seria uma trilogia, sendo que só depois a autora decidiu escrever mais três livros). Li os três volumes em três dias. Foi incrível, foi simples e me poupou muito sofrimento, principalmente quando terminei o segundo livro, corri até a estante, peguei o terceiro e, enquanto tentava conter as lágrimas, voltei para o mundo de Ivy e Tristan.

Mas já aconteceu também de fazer maluquices do tipo: comprar o livro e só descobrir que ele faz parte de uma série (e não é o primeiro) depois. Aqui em casa existem dois livros nesse estado. Ambos estão parados esperando que eu consiga comprar os livros anteriores. Não tinha ideia que "Segredos de uma sapatólatra" era o segundo de uma série, então o comprei. Também não tinha conhecimento de que "Segredos da minha vida em Hollywood: Princesa paparazzi" fosse o quarto de uma série, então não hesitei em participar de um concurso cultural para ganhá-lo. Agora os dois estão aqui guardados e não-lidos. Sem contar que li "A garota que eu quero" sem saber que era o último de uma trilogia da qual não li os dois primeiros.

Ou o caso mais clássico: ler um livro e ficar esperando que o autor termine de escrever a continuação, que o editor aprove o livro, que o designer faça a capa, que alguém revise tudo, que façam a diagramação, que mandem para a gráfica e ainda por cima, em muitos casos, que alguma editora brasileira decida ser linda e publique o livro por aqui. Exemplos? Ora, estou esperando a boa vontade da Arqueiro em publicar a continuação de "Ladrões de elite" já tem alguns anos, ainda não me conformei da Natália Marques não ter terminado de escrever "A infiltrada 2", Rick Riordan parece querer me torturar com a maluquice de só lançar "O sangue do Olimpo" daqui não sei quantos meses, a Verus que ainda não lançou livro do casamento de Abby e Travis (que já foi lançado lá fora) e Adriana Brazil que também não lança logo "Primavera de Cores". Esses são apenas alguns exemplos, poderia facilmente ficar por aqui citando autores e editoras sem coração que não lançam logo essas lindas continuações.

O caso é que eu amo toda essa expectativa, mesmo que isso seja um pouco masoquista. Eu amo ficar sofrendo enquanto reviro perfis de Twitter e Facebook procurando por algum trechinho do livro, esperando que o autor tenha dado alguma notícia nova, especulando quais personagens vão morrer naquela obra (Rick Riordan, isso é com você!), quem vai amadurecer mais, quem vai me irritar novamente e, o principal, o casal vai terminar junto? Ah, sim, porque eu sempre quero finais felizes e nenhum coração partido, claro.

Mas isso nem sempre é bom. Toda história tem que ter um final e ele precisa ser lógico ou coerente. E enquanto o autor vai escrevendo, escrevendo e escrevendo, muitas vezes ele se perde. Talvez tudo aquilo que ele escreveu em oito livros pudesse ter ficado infinitamente melhor em apenas quatro. Ou aquele terceiro foi totalmente dispensável, não acrescentou em nada para a história em si, foi apenas um engana-leitor e uma tentativa de lucrar mais. Já aconteceu comigo. Li o primeiro livro, gostei. Li o segundo, detestei e não vi necessidade em sua existência. Fiquei apenas me perguntando: “Por que ele não encerrou a história no primeiro livro? Não precisava estragar tudo neste segundo.” Também já aconteceu de nem sequer ler a sequência, pois sei que depois do final daquele livro, qualquer coisa que venha a acontecer vai ser mera enrolação e não gosto de ser feita de boba.

Então, pensando assim, eu sinto falta de ter mais livros únicos. Livros que não vão me obrigar a sofrer esperando sua continuação, que não me farão ficar tentando adivinhar se o autor vai ou não estragar tudo, livros que simplesmente existam e não esperem que eu me desdobre por eles. Quero mais livros autossuficientes e autoexplicativos. Existem muitas obras que possuem começo, meio e fim, dispensam continuações e não deixam o leitor angustiado. Se o livro for realmente bom, não é necessário usar os mesmos personagens para manter o leitor, como acontece em séries onde existem quinze livros contando as aventuras do mesmo quadro de personagens. Se eu gostei do modo como o autor escreve, vou procurar outras obras dele e ver como ele vai desenvolver esta nova história em um novo cenário, com novos personagens.

Além disso, quero saber o final da história enquanto ainda sei como ela começou. Existem sim livros que nos marcam tanto que dez anos depois, você ainda lembra de todos os detalhes, mas não é sempre que acontece. Os detalhes desaparecem da memória, os acontecimentos se misturam, os nomes dos personagens secundários se tornam desconhecidos e de repente você só se lembra do básico da história. Não são todos que podem se dar ao luxo de reler cinco livros para lembrar de todos os detalhes antes de pegar o sexto e último, então acontece que eu leio algo e fico me perguntando se aquilo realmente tem lógica, não consigo acompanhar algumas tiradas dos personagens, não lembro de algo que supostamente aconteceu etc. É complicado.

E é por isso que saber que posso correr na estante ou livraria e voltar de lá com uma nova história do mesmo personagem é muito bom, mas ainda não conseguiu superar a satisfação de terminar um livro único realmente bom e saber que ali se encerrou uma história maravilhosa que não pede por mais explicações ou continuações nada a ver. Tudo precisa ter um equilíbrio, coisa que não vem acontecendo. Estou vendo vários livros que eram únicos ganhando continuações e isso me assusta. Quero séries sim, afinal eu já disse, amo isso, mas também amo livros únicos e a liberdade de comprar o livro que quero, sem medo de estar comprando apenas um de uma série de vinte, onde apenas cinco irão realmente me agradar.