terça-feira, 17 de setembro de 2013

Desejo à meia-noite.

Falei deste livro no último Li até a página 100 e..., então agora é a hora da resenha dele. 

Os cinco irmãos da família Hathaway estão passando por uma fase difícil.
Leo, o mais velho, parece determinado a destruir a própria vida em qualquer beco escuro e de forma pouco civilizada, e tentando impedir que isso aconteça, Amelia, a mais velha depois dele, decide sair por Londres em sua busca depois de três dias desaparecido.
Enquanto o procura por lugares desagradáveis, Amelia acaba conhecendo Cam Rohan, meio cigano e meio irlandês, que apesar de sua riqueza ainda não conseguiu se habituar à vida contida dos londrinos.
A atração é mútua e quase instantânea, porém Amelia já sofreu por um coração partido e não está disposta a passar pela mesma situação, assim como Rohan não tem intenção alguma de desistir de sua liberdade (ainda que não completa, afinal ele é um cigano ron, o que significa que deixou seu clã cigano e passou a viver com os gadjes sob algum teto, entre paredes, na cidade).
Os dois acreditaram que aquele encontro foi uma coisa totalmente normal e que nunca mais voltaria a acontecer, porém quando a família Hathaway se muda para Hampshire buscando um novo começo, o destino se encarrega de colocar os dois frente a frente novamente e resistir se torna cada vez mais difícil...


Que eu adoro romance de época não é segredo para ninguém, não é? Sou apaixonada por todas as convenções sociais dos séculos passados, pelos trajes pra lá de elegantes de todos, pelo modo de falar extremamente culto... Enfim, eu amo tudo isso e sempre que posso coloco algum deles no meio das minhas leituras, sempre com as expectativas lá no alto, e raramente me decepciono. E não foi desta vez que um romance de época me desapontou, de novo. Eu basicamente devorei este livro, desfrutando de todos os sentimentos possíveis enquanto acompanhava o desenvolvimento desta história. Quis chorar, dei risada, quis estrangular alguns personagens, colocar outros em uma redoma de vidro e guarda-los, fechei o livro e teimei que não iria continuar a ler depois de tal coisa ter acontecido, não me aguentei e continuei dois segundos depois (o tipo de crise que só outro leitor entende), entre outras coisas.

Logo de cara percebi que a Amelia é o tipo de protagonista que eu amo: cheia de vida e vontade. Ela não deixa que ninguém decida nada por ela, não se deixa levar pelas emoções, está sempre tentando ajudar outras pessoas, é teimosa, petulante e um pouco controladora. Impossível não gostar de uma menina assim. Gostei bastante de Cam Rohan também, apesar de desprezar um pouco algumas de suas características, principalmente o autoritarismo (que não é ao extremo, mas ainda assim não gosto). Ele faz muito bem para a Amelia, mostrando que ela não pode esquecer de si mesma enquanto tenta ajudar o resto da família.

E que família! Adorei os Hathaways. Principalmente por ser uma família atípica. Eles são divertidos e bastante imperfeitos. Entre os cinco irmãos, consigo pensar em apenas uma que não apresenta grandes conflitos internos ou problemas grandiosos, e isso mostra a humanidade desses personagens, o que é maravilhoso e me deixou ansiosa para poder acompanhar suas próprias histórias nos próximos livros da série.

Apesar de achar que o relacionamento de Amelia e Cam aconteceu rápido demais e que evoluiu com ainda mais velocidade para o aspecto sexual, sem muito tempo para conversas espirituosas ou conflitos, o desenvolvimento que a autora deu para os dois me agradou bem mais do que o começo e me conquistou mais do que esperava. Senti falta de um final para um dos personagens secundários, porém isso não interfere muita coisa. No mais, este é um livro que tem de tudo um pouco: drama, comédia, sensualidade, convenções da época, personagens marcantes e uma narrativa em terceira pessoa muito bem feita. Acho que todo mundo que goste do tema vai se deliciar com este livro e com esta família. :)

PS: Outra coisa que me encantou bastante foi como a autora introduziu a cultura cigana, mostrando detalhes interessantes e até mesmo o preconceito que a cerca.

Ela sentiu um pequeno choque percorrer seu corpo quando seus olhares se encontraram. Embora estivessem separados por vários metros, Amelia sentiu toda a força da atenção de Rohan. Nem simpatia nem gentileza suavizavam sua expressão. Na verdade, parecia impiedoso, como se há muito tivesse descoberto que o mundo é um lugar cruel e decidido aceitá-lo desta forma. (Pág 13).

Autora: Lisa Kleypas.
Editora: Arqueiro.
História: 4/5.
Narrativa: 5/5.