quarta-feira, 5 de junho de 2013

Liberta-me.

Gente, finalmente eu li a continuação de Estilhaça-me, então aqui vai a resenha pra vocês.

PS: Se você não leu o primeiro livro e não gosta de spoilers, talvez seja melhor não ler a resenha, pois mesmo evitando, pode ter passado batido algum detalhe.

Depois de fugir das garras de Warner, Juliette e Adam encontram refúgio em uma espécie de organização contra o Restabelecimento, mas que não se resume em um grupo de humanos revoltados e sim em um grupo de seres como ela, seres com poderes especiais e vontade de mudar a situação dos humanos, de tornar o mundo melhor novamente.
Ela agora tem um lugar para ficar, não é mais vista como a grande aberração que foi acostumada a acreditar que era e está junto com Adam, tudo estaria bem se não fosse a lembrança que lá fora o mundo está sendo devastado, pessoas inocentes estão morrendo e ela poderia estar entre aqueles que matam, afinal, ela tem este "dom", não é?
Então está na hora de Juliette tomar a decisão, escolher o lado pelo qual vai lutar, testar suas forças, descobrir seus limites e fazer a diferença.
Ela só não esperava que além desta decisão importantíssima que tem que tomar, outras coisas aparecessem para atormentá-la: ela precisa se afastar de Adam, Warner parece estar ainda mais decidido a encontrá-la novamente e um novo "chefe" do Restabelecimento chega para tornar a busca e a matança ainda mais intensa.
Juliette precisa agir, e muito rápido.


Tenho que dizer aqui que o começo deste livro me irritou um pouquinho. Só suportei o excesso de demonstrações de afeto entre Juliette e Adam por saber que em algum momento o Warner iria entrar em cena e dar o rumo decente para a trama. Adam e Juliette juntos já não me agradam por motivos de: "Eu prefiro que ela fique com o Warner", mas eu aguento (eu aguentei os dois juntos em Estilhaça-me, não é?!hehe) e eu não O-D-E-I-O o Adam, só prefiro o Warner, mas daí eles ficarem de mimimi o tempo todo já é outra história... :X Parecia que a Juliette estava dependente dele e eu não gostei.

Mas então, sem mais demoras, chegou o lindo Warner. Ele não trouxe toda a alegria e nem fez tantas reviravoltas como eu esperava, mas ainda assim, os momentos em que ele aparecia eram repletos de tensão e eu ficava maluquinha me perguntando como, em nome de Deus, um homem pode ser tão terrivelmente irresistível! Novamente, não tem como ignorar as faíscas entre ele e Juliette, o que torna o livro todo mais eletrizante. Só o que tira esta eletricidade toda é o fato de nossa protagonista mais uma vez estar com seus dilemas particulares sobre ser ou não ser um monstro, o que é certo ou errado fazer, e os momentos tristes em que ela tenta ser útil, ajudar, fazer algo bom e acaba não tendo o sucesso esperado, e isso me deixava angustiada junto com ela.

Algumas novidades sobre os outros personagens também contribuem para tornar sua vida ainda mais confusa e errada, e ao mesmo tempo em que isso vai quase torturando o leitor, vai fazendo com que Juliette cresça, aprenda a lidar com seus próprios problemas, tente encontrar as soluções que tanto precisa e o mais importante: escolha o lado certo para a luta, se é que ele existe. Quando falo aqui que é quase torturante acompanhar isso tudo, quero dizer que a narrativa é real e nos mostra perfeitamente como a mente complicada e oprimida de Juliette funciona, e eu brinco que é uma narrativa meio maluquinha, por conta dos pensamentos intercortados, interrompidos e perdidos que mostram confusão, medo, dor etc. além dos momentos em que os pensamentos e falas aparecem riscados (assim), que já é uma característica da personagem e são detalhes que me agradam muito.

Só esperava um pouco mais de história. Não que o livro não tenha, pois certamente ele tem e ela é instigante e envolvente, mas queria um ponto crítico maior em toda a trama, que eu acabei não encontrando, apesar de ter vários pontos críticos. Só faltou o ponto "determinante" e assim como no primeiro livro, a autora teve a audácia de fazer um final assustadoramente cruel, onde pensei que a história iria dar AQUELA reviravolta e me deixou revoltada querendo o desfecho final, uma vez que ficou quase tudo para o terceiro livro.

Sempre estou me desculpando. Sempre me desculpando. Por quem eu sou e o que nunca quis ser e por este corpo no qual nasci, este DNA que nunca pedi, esta pessoa que não posso deixar de ser. Dezessete anos eu passei tentando ser diferente. Todo santo dia. Tentando ser outra pessoa para outra pessoa.
E nunca parece importar. (Pág 80).
Título: Liberta-me.
Autora: Tahereh Mafi.
Editora: Novo Conceito.
História: 3/5.
Narrativa: 5/5.