segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O melhor lugar do mundo é aqui.

Como aparentemente eu sou a única criatura bookaholic fora da Bienal, estou adiantando minhas leituras na medida do possível, por isso resenha nova!

Depois de perder os pais em um acidente de carro, Iris não vê sentido no mundo, não encontra motivações para continuar sua vida, se sente solitária e se dá conta que isso tudo não é somente pela morte dos pais. Sua vida vem sendo sem sentido há um tempo, mas ela não se apegava a isso enquanto podia se distrair com os pais.
Um dia ela simplesmente sai andando pelas ruas do seu bairro, tem a triste ideia de dar fim à própria vida, mas é salva por uma criança travessa. Então tudo muda.
Ela percebe ali perto um café estranho que nunca tinha visto antes, com uma placa indicando que seu nome é "O melhor lugar do mundo é aqui".
Curiosa e sem muito o que fazer em outros lugares, Iris se dirige para o estranho estabelecimento e percebe que as pessoas que estão ali são quase mais estranhas ainda, mas é um lugar agradável de ficar.
E ela não imaginava o quanto sua vida mudaria depois de passar por ali...


Sabe o tipo de livro próprio para passar uma tarde, que te distrai do momento e ainda deixa algumas reflexos legais para depois? O melhor lugar do mundo é aqui é exatamente assim. Não é muito longo, não é muito dialogado e tem várias informações interessantes distribuídas na narração rápida e pouco descritiva que se desenrola do ponto de vista externo, pois o narrador não participa da história. E acho que este foi o detalhe que não permitiu minha aproximação da protagonista.

Não consegui conhecê-la intimamente, não pude compartilhar de verdade sua dor pela perda dos pais ou seu sentimento de solidão por isso, não a senti. Parecia que estava vendo um filme através de uma espessa nuvem, que dificultava demais o entendimento e a conexão com o que estava acontecendo, consequentemente, não pude acompanhar tudo da melhor forma possível. Eu estava demasiadamente longe de tudo aquilo. Não gosto quando isso acontece. Gosto quando sinto tudo que o personagem sente, e isso me incomodou bastante. Outra coisa que não ajudou muito foi o final. Achei que os autores deram uma explicação simples e sem graça demais para a história. Teve sim um final coerente e até mesmo como eu já esperava, mas podia ser mais trabalhado, mais explicado, mais bem elaborado. Eu teria gostado mais.

Só não pensem que o livro é ruim, pois ele não é. Tem sim uma ideia boa e como disse anteriormente, te deixa com uma quantidade considerável de reflexões para fazer depois de terminar a leitura, só não funcionou comigo pela distancia que eu senti da protagonista e pela falta de detalhes na descrição do cenário, que me afastou também do "espaço" onde se passa a história, pois não encontrei informações suficientes para imaginá-lo de forma satisfatória ou da forma como os autores devem ter pensado em construir, pois não consegui entender muito sobre o lugar que estava lendo e não gosto quando tenho essas lacunas não preenchidas.

Acho que o livro tem um potencial muito grande e vai agradar bastante gente, pois sua ideia central é realmente bonita e diferente, só não foi desenvolvida de uma maneira que me agrada, infelizmente.
Você lamenta o tempo todo pelas coisas que deixou de fazer ou que fez errado no passado, como se isso servisse agora para alguma coisa. Por que não se perdoa e admite ter feito o melhor possível em cada momento e lugar? As pessoas têm o direito de evoluir. E os anos devem servir para algo mais do que embranquecer os cabelos. (Págs 53/54).

Editora: Record.
História: 3/5.
Narrativa: 2/5.