sábado, 13 de julho de 2013

Sangue quente.

Ah, resenha nova! *-*

Em uma era praticamente apocalíptica, os poucos humanos restantes vivem em pequenas fortalezas (cidades cercadas por muros altos e constantemente vigiada) enquanto zumbis andam pelas ruas em busca de alimentos.
Em um aeroporto abandona existe um grupo de zumbis, que passam o dia andando, grunhindo uns para os outros e quando a energia elétrica funciona (o que acontece em pequenos momentos aleatórios), eles utilizam a escada rolante como diversão.
Dentro deste grupo está "R", um zumbi que não sabe quem era, de onde veio, o que fazia e nem o que faz agora. Ele é diferente, não apodreceu completamente e se pergunta como o mundo se tornou um lugar tão estranho.
Durante uma busca por alimentos, "R" e um grupo encontra um grupo de jovens, e entre eles está Julie, uma garota que vive em uma fortaleza, mas saiu para procurar suprimentos.
"R" mata o namorado dela, e como sempre acontece, enquanto come o cérebro da vitima ele tem vislumbres de tudo o que ela viveu, ele absorve algumas lembranças.
Nelas, ele vê Julie e sente uma estranha fascinação pela garota, então decide que irá protegê-la, mantê-la segura junto com ele, sem imaginar o que estaria desencadeando com este gesto.




Ok, eu falei sobre este livro no Ilusões sobre zumbis e disse que queria ler, mesmo sendo nojenta com relação a esses seres. O que eu não imaginava era que no momento que começasse a leitura, fosse me apegar tanto aos personagens ao ponto de quase esquecer da carnificina iminente da história. Claro, no começo tive dificuldades de adaptação (não se vocês, mas eu considero um grupo de zumbis uma coisa um tanto ilógica e assustadora), não conseguia imaginar essas criaturas da forma que o autor as descrevia e fiquei um pouco revoltada por isso, porém depois de algumas páginas R me ganhou completamente e eu quase não o imaginava mais como um zumbi. Passei a entendê-lo de uma forma mais humana do que muitos outros protagonistas por aí, que teoricamente seriam seres humanos, mas agem de forma mais inumana possível.

R é bem filosófico (de uma forma agradável), inteligente e fofo, assim como Julie, que é meio maluquinha e bem simpática. Na verdade, não me irritei com nenhum personagem, não quis esganar ninguém e, de certa, forma, me apaixonei por todo mundo. <3 Acho que o que mais me chamou a atenção no livro todo foi o fato de existir sim romance, mas ele não ser o foco principal. A sociedade destruída, a nova forma de vida, a futilidade da vida de antes e questões éticas são os ponto-chaves deste livro e isso o torna lindo. O fato de R ser diferente e refletir sobre essas questões enquanto seus "colegas" zumbis estão andando a esmo por aí já é algo completamente novo e interessante, mas a forma como ele coloca essas questões em discussão é inteligente e divertida, sem se tornar maçante.

Outro ponto mega positivo e que me ganhou logo de cara foi a forma que eles se comunicam. Eles não conseguem falar como nós, só emitem alguns sons aleatórios e, mais uma vez, R é diferente, por isso consegue falar uma ou duas palavras, mas nunca uma frase inteira e esta comunicação deles, apesar de ser bem "primitiva" é original.

Em alguns momentos, quando as lembranças do ex namorado de Julie apareciam, eu ficava um pouco entediada e queria voltar logo para a história de R, que tem de tudo um pouco: crítica social, romance, ação e uma bela mensagem sobre não perder as esperanças. Contrariando todas as minhas expectativas, de hoje em diante um livro sobre zumbis aparece na minha lista de favoritos. *-*
Antes, quando eu estava vivo, nunca poderia fazer isso. Ficar parado assistindo ao mundo passar por mim, praticamente não pensando em nada. Lembro-me do esforço. Lembro de objetivos e prazos. Metas e ambições. Lembro-me de ser cheio de propósitos, estando o tempo todo em todos os lugares. Agora, estou apenas parado aqui na esteira, me deixando levar. Chego no fim, dou a volta e volto pelo outro lado. O mundo está sendo destilado. Estar morto é fácil. (Pág 19).

Título: Sangue quente.
Autor: Isaac Marion.
Editora: Leya.
História: 5/5.
Narrativa: 4/5.